sábado, 23 de março de 2013

Opiniões contrárias


*Leon Bevilaqua

- Um texto em que se fala de inimigos e amigos da obra de Getúlio Vargas-


            Somados os dois períodos à frente do poder, GETÚLIO VARGAS passou dezoito anos e meio no Catete, o palácio presidencial situado na anterior capital do Brasil, o Rio de Janeiro. Houve tempo e ações que o tornaram o mais importante personagem da História política nacional, tendo deixado uma obra de monumental estadista, protetora dos interesses do nosso povo.

            Há um consenso: não houve ninguém como ele que provocasse tanta paixão e ódio. Após aproximadamente sessenta anos de sua morte- (ocorrida em 24/08/1954) - sua sombra e seu pensamento ainda estão a nos envolver.

            Seu pensamento e ações ainda provocam contestações, desafiando exegetas, antagonizando analistas.

            Para os que não são elitistas e respeitam o povo, nos deixou uma herança de inestimáveis realizações a serviço da soberania do país e em nome do engrandecimento do povo brasileiro.

            Para os equivocados, os mal intencionados, os entreguistas e traidores da pátria, nos deixou um legado maldito, que prejudica o presente e retarda o avanço da sociedade brasileira.

            Fernando Henrique Cardoso, um neoliberal que foi um dos piores presidentes que este pais já teve, tentou destruir a obra de Vargas. Foi inútil, embora tenha ele privatizado de forma irracional boa parte do patrimônio público nacional.    Contra ele e seu fiel escudeiro José Serra, pesarão bastante perante a História os escritos que nos foram deixados por Aloysio Biondi e Amaury Ribeiro Junior.  

O sucessor de FHC, um grande presidente trabalhista, pensou de modo radicalmente oposto. Lula jamais escondeu sua admiração e respeito por Getúlio. Em setembro de 2010, assinou a lei 12.326, que oficialmente inscreveu o nome de Getúlio no livro dos heróis da pátria, que se encontra no panteão da liberdade e democracia em Brasília.

          De um modo geral, pode-se afirmar que os inimigos do pensamento e da obra de Getúlio, na atualidade, devem ser encarados com descrédito e suspeita. No passado, não foi à toa que Lacerda, um dos mais cruéis detratores de Getúlio, um dia passou a ser chamado de corvo. Ele e outros inimigos de Vargas terão lugares tristes na História política do Brasil.

            
              Notas:

1. Em tempos de fúria neoliberal, de regressão econômica, política e social, devemos lembrar os seguintes ensinamentos:

a) "Não se pode negar a existência da questão social no Brasil como um dos problemas que terão de ser encarados com seriedade pelos poderes públicos. O pouco que possuímos em matéria de legislação social não é aplicado ou só o é em parte mínima, esporadicamente, apesar dos compromissos que assumimos a respeito, como signatários do Tratado de Versalhes". Getúlio Vargas, 2 de janeiro de 1930, no comício da Esplanada do Castelo ao ler a plataforma da Aliança Liberal.

b) "Não nos devem seduzir, por mais tentadoras que se apresentem, as sugestões dos que advogam a entrega, a organizações internacionais, do petróleo cuja existência no Brasil, graças ao meu governo, já não podem negar. Nem nos devemos intimidar com as veladas ameaças que se agitam contra a nossa indeclinável decisão... Já o disse e repito solenemente: quem entrega seu petróleo aliena a própria independência". Getúlio Vargas, 30 de agosto de 1950, candidato a presidente em discurso em Salvador. 



2. Duas obras confiáveis a respeito dos governos de Getúlio Vargas: 

a) A Era Vargas, em três volumes, de José Augusto Ribeiro, da Editora Casa de Jorge.

b) O Ciclo de Vargas, de Hélio Silva, obra publicada a partir de 1960, tendo chegado a quinze volumes.