domingo, 22 de dezembro de 2013

Juscelino terminou de construir Brasília na marra – a luta de JK para construí-la e o atrevimento de alguns.


*Leon Bevilaqua

           

            Juscelino Kubtschek, presidente do Brasil entre 1956 e 1961, em junho de 1959, rompeu com o FMI. Ele estava irritado, acreditando na existência de um conluio para paralisar em definitivo a construção de Brasília. Seu ministro Lucas Lopes, um americanófilo, apoiado pelo nada nacionalista Roberto Campos, disse-lhe para suspender as obras. Indignado, Juscelino aproximou-se dos economistas estruturalistas, que consideravam a tutela do FMI um empecilho para o desenvolvimento da América Latina. Ambos os conselheiros liberais foram demitidos por JK.

Notas:

1)  Quando o udenista Adauto Lúcio Cardoso perguntou ao líder Carlos Lacerda se a capital ia mesmo mudar, ouviu: “vai nada, Juscelino não é de nada. Isso vai é desmoralizá-lo, porque ele não dará conta”. Provocação e desafio. Brasília, depois dessa, além de prioridade era questão de honra para JK. Adauto Lúcio Cardoso e Lacerda participaram ativamente do movimento golpista que depôs o presidente João Goulart, em março de 1964.

2)  Lucas Lopes e Roberto Campos foram agentes do liberalismo em sua luta contra o nacional-desenvolvimentismo que caracterizou a ação do Estado Brasileiro.

3)   Lucas Lopes conspirou contra o governo de João Goulart em 1964, situando-se entre os que após tentarem conquistar o Estado pelas vias legais, optaram pela via golpista como meio de chegar ao poder e concretizar suas ideias.

4)   Carlos Lacerda foi jornalista e orador brilhante do século XX brasileiro. Entre boa parte dos intelectuais brasileiros da atualidade, inclusive Saul Leblon, na revista Carta Capital, estabeleceu-se um consenso: Carlos Lacerda, hoje, é amplamente desprezado pela História como alguém que usou o jornalismo e a política para favorecer poderosos inimigos do povo, inclusive estrangeiros. Não hesitou em perseguir de forma cruel, até a morte, Getúlio Vargas, tendo perturbado enormemente os governos de Juscelino e João Goulart. Tentou perturbar também o regime militar instalado em 1964, mas foi contido com a cassação de seus direitos políticos em 1968. Não há quem queira ser tido pela posteridade como um vendido, um homem vil como Carlos Lacerda. 

5)    Trecho de um depoimento de Juscelino a respeito do rompimento que fez com o FMI: " Cada dia, crescia a intransigência dos técnicos daquele órgão. Não havia contraproposta que os satisfizesse. Em princípio de junho de 1959, veio o desfecho. Decidi romper com o Fundo e prosseguir, sem nenhum auxílio exterior, no meu programa de desenvolvimento. Logo a revista Time surgiu em campo, antegozando as dificuldades que o Brasil iria enfrentar: ' o Presidente do Brasil está num beco sem saída'. Essa era a manchete, característica da tradicional falta de acuidade política dos norte-americanos. Num beco sem saída, estaria sim, se me houvesse submetido às imposições do Fundo; pois teria que abrir mão do programa de metas; deixaria o povo passando fome; não construiria Brasília; nem realizaria a industrialização do país".
    
     Obs.: Este texto foi citado por Hélio Silva, em seu livro sobre o Presidente Juscelino, editado pela Editora Três.

6)   Em dezembro de 2013, a Comissão da verdade paulista concluiu que Juscelino foi assassinado por razões políticas em 22 de agosto de 1976 (ver link: http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2013/12/juscelino-kubitschek-foi-assassinado-conclui-comissao-da-verdade-de-sao-paulo-7241.html). Existe documentação coletada por aquela comissão com indício de que o ex presidente foi alvo de uma conspiração, e não morto em um acidente de carro. O motorista de Juscelino, Geraldo Ribeiro, teria levado um tiro na cabeça e, por esse motivo, perdido o controle da direção de um carro opala e batido em um veículo de carga, matando Juscelino. Isso teria ocorrido na via Dutra, na altura da cidade de Resende, no Rio de Janeiro. O crime teria ocorrido durante o governo do presidente Geisel e, segundo a comissão, os indícios apontam que os mandantes do crime foram os generais Golbery do Couto e Silva – então ministro da casa civil da presidência da república, e João Batista Figueiredo, que na época comandava o Serviço Nacional de Informações, tendo sido ele nomeado como último presidente militar do país dois anos depois.