tag:blogger.com,1999:blog-41386748613008672062024-03-14T00:59:16.525-04:00LETRAS DE MATO GROSSO DO SULLeonhttp://www.blogger.com/profile/09497795008071408273noreply@blogger.comBlogger19125tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-64188510817302473032015-02-08T23:01:00.000-03:002015-02-15T22:29:48.409-03:00 O presidente João Goulart (1961-1964)<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span></span><span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 150%; text-align: center;"> </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>*Leon
Bevilaqua </b><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Texto em que se afirma que um homem
até hoje demonizado era um homem bom, amigo do povo e patriota. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>- 1 -</b><o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Importância da biografia de Goulart<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> A biografia de João Goulart nos
fornece meios para compreender este início de milênio em nosso país. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Os problemas econômicos, políticos,
sociais e culturais que nos cercam podem ser compreendidos com o estudo da
época em que viveu Goulart. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> No entanto, Jango (como era
popularmente chamado), até pouco tempos atrás, era um presidente da República
pouco estudado. Isto aconteceu porque os que o depuseram em abril de 1964 o
estigmatizaram. Estimularam tanto o ódio contra ele que em 1976, por ocasião de
sua morte, doze anos após ter partido para o exílio, militares queriam impedir
que ele fosse sepultado em sua terra natal, São Borja, no Rio Grande do Sul. Só
com a intervenção do então presidente, general Geisel, é que se permitiu que
fosse enterrado no Brasil, mesmo assim com a condição de que o caixão viesse
lacrado e não fosse aberto em nosso país. <o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>- 2 -</b><o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A publicação de uma biografia<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Esta situação foi substancialmente
alterada em 2011, com a publicação do notável livro João Goulart - Uma
biografia, de autoria do historiador Jorge Ferreira, pela editora Civilização
Brasileira, um selo da Editora José Olímpio Editor. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Neste livro ficaram bem claros
alguns pontos da vida de Goulart, entre eles o papel político de um homem bom e
amigo dos humildes, herdeiro do carisma de Getúlio, embora não tão hábil. As
informações aqui trazidas foram baseadas principalmente neste livro. <o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>- 3 -<o:p></o:p></b></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sobre a avaliação de Goulart no livro
de Ferreira<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Jango não foi apenas um protagonista
de um equívoco político como propagam alguns conservadores, ele foi mais que
isso. Um patriota, homem que não deixou de estar sempre ao lado do povo, um
desenvolvimentista consequente. Disse ele um dia: “Não troco um único
trabalhador por cem granfinos arrumadinhos”.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Jango tinha a intenção de levar adiante
o projeto desenvolvimentista de Getúlio, com investimentos na infraestrutura
econômica, em bens de produção e na ampliação dos direitos sociais dos
trabalhadores. <o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>- 4 -</b><o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Algumas realizações importantes de
Goulart<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Quando houve possibilidade, embora lidasse
com difíceis negociações financeiras e políticas, Goulart deu continuidade ao
projeto desenvolvimentista. Incrementou em 20% a capacidade de geração de
energia elétrica; elaborou os planos para sete quedas – que depois serviriam de
base para a construção de Itaipu; a Petrobrás passou a contar com as refinarias
Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, Gabriel Passos e Artur Bernardes, em
Minas Gerais, Landulfo Alves, na Bahia, e Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Oleodutos como os de Belo Horizonte
e Porto Alegre foram construídos, bem como unidades industriais que permitiram
ao país contar com um polo petroquímico genuinamente nacional. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Ele providenciou que a companhia
Vale do Rio Doce construísse o porto de Tubarão, inaugurou as usinas siderúrgicas
da Cosipa, Cariacica, Usiminas e Aço de Vitória, além da Eletrobrás. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Estabeleceu também as bases para a
criação da Embratel, com a regulação do código brasileiro de comunicações e a
criação do Conselho Nacional de Comunicação. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Atuando em outras áreas, executou o
plano nacional de educação, financiou apartamentos em conjuntos habitacionais,
inaugurou hospitais regionais da previdência social e incentivou a
sindicalização rural. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Enviou, ainda, a mensagem ao
Congresso Nacional propondo a criação do 13º salário para os trabalhadores.
Isso se concretizou por meio da Lei 4.090/1962. Até hoje existem os que tramam
acabar, na prática, com o 13º, propondo seu parcelamento em 12 vezes ao longo
do ano. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Uma vitória do programa reformista
de Goulart foi a aprovação, em março de 1964, pelo Congresso Nacional, do
Estatuto do trabalhador rural, anteriormente proposto. A nova legislação
estendia aos trabalhadores rurais os mesmos direitos que os assalariados
urbanos usufruiam desde 1930, com carteira assinada, férias, salário mínimo,
repouso semanal remunerado, entre outros benefícios. <o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b>- 5 -</b><o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Conclusões de Leitura<o:p></o:p></span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Uma das conclusões a que se chega
após a leitura do livro de Jorge Ferreira e outros também valiosos autores é
que Lacerda, um jornalista brilhante, um protagonista de uma época, escolheu
sempre desempenhar o papel de vilão, um perseguidor dos bons políticos, dos
patriotas, dos amigos do povo, dos que defendiam os interesses e a soberania do
Brasil. Assim, Lacerda perseguiu de forma implacável Getúlio, Juscelino e
Goulart, colocando-se sempre a reboque dos inimigos de nosso país. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Concluímos também que Goulart ainda
está por receber uma avaliação mais definitiva da História Brasileira. Ele não
está no lixo da História Nacional. Acreditamos que o saldo de seu trabalho de
homem público é bastante positivo, e que este saldo é que estabelecerá a
avaliação definitiva, já livre das paixões patrimonialistas e antinacionais que
caracterizaram o tempo de Goulart e que ainda querem se impor nos dias de hoje.
<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Notas:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> 1) Goulart nasceu em São Borja, no
Rio Grande do Sul, em 1º de janeiro de 1919 e morreu em Mercedes, Argentina, em
06 de dezembro de 1976. Ele foi o 24º presidente de nosso país. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> 2) Leituras importantes para a
compreensão das vidas de Getúlio, Juscelino, Jânio Quadros e Jango:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> a. de Hélio Silva: <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> - Um tiro no coração- LPM- Editora. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> - Juscelino Kubitshek – 19º
presidente do Brasil. Grupo de comunicação três. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> b. de Celso Furtado:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> - Obra autobiográfica – Companhia
das Letras.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> c. De Jorge Ferreira<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> - João Goulart – Uma Biografia –
Editora Civilização Brasileira. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> 3) O golpe de 64 existiu, entre
outras razões, porque havia uma grande pressão política para o aumento do
salário mínimo. O presidente estava posicionado ao lado daqueles que desejavam
ampliar o poder aquisitivo dos trabalhadores. Aliás, o que os conservadores
chamavam de “comunismo”, na década de 60 era, entre outras coisas, defender o
poder aquisitivo do salário mínimo. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> 4) Recentemente, comandados pela
presidente Dilma Roussef, grandes esforços foram realizados no sentido de que
haja uma plena recuperação da imagem de Goulart perante a História oficial
brasileira. No entanto, ainda são grandes as resistências para que isso ocorra.
Os antinacionais e seus agregados comandam este processo de resistência. Eles
continuam querendo que as empresas estatais asseguradoras da soberania
nacional, como a Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES e
outras sejam entregues aos capitais privados. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> 5) A bem da verdade, é preciso que
se diga que o governo de Goulart e os governos militares que ocorreram depois
de 1964 tiveram o mérito de não ter caráter antinacional, como os neoliberais
da década de 90, na América Latina. Esses neoliberais, que trouxeram regressão
social e econômica para seus países, entregaram grande parte dos patrimônios
públicos aos grandes capitais externos. Além disso, os militares brasileiros
tiveram a virtude adicional de levar adiante os grandes planos deixados por
Goulart, acelerando a integração nacional com o início da construção da
transamazônica e criação de grandes empresas. Geisel foi um grande
desenvolvimentista, criador de grandes estatais necessárias ao desenvolvimento
de um Brasil plenamente livre. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> 6) Duas palavras para Jango: injustiçado
e caluniado. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> </span></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> <br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> <o:p></o:p></span></div>
Leonhttp://www.blogger.com/profile/09497795008071408273noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-28006973619356565542014-09-23T08:22:00.000-04:002014-11-06T15:46:10.320-03:00LER E ESTIMULAR A LEITURA É PRECISO<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">*Leon Bevilaqua<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b> É sabido que depois da leitura de um
livro o nosso cérebro já não é mais o mesmo. Ao empreendermos a leitura de um
livro, viajamos, sonhamos, crescemos. E isto é saudável, sem as emoções não
somos nada. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b> No dia 23 de abril comemora-se
internacionalmente o dia do livro, data da morte de Cervantes, poeta, contista
e romancista genial espanhol. O livro, embora seja pouco lido em nosso país,
sempre foi reconhecido por grandes brasileiros. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b> É de Monteiro Lobado a seguinte
frase: “Um país se faz com homens e livros”. Para os que não têm ainda o bom
hábito da leitura, é conveniente lembrar o que disse o bom poeta gaúcho Mário
Quintana: “Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem”.
Aos jovens e pais que só lidam com a internet e redes sociais, levem em conta
que Bill Gates declarou: “Meus filhos terão computadores, mas antes terão
livros”. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b> Bertold Brecht, notável poeta e
dramaturgo alemão, por muitos considerado o Shakespeare da língua alemã, nos
alertava: “O pior analfabeto é o analfabeto político”. Com estas palavras ele
nos chamava atenção para a necessidade de adquirirmos cultura política e,
portanto, lermos obras históricas e políticas necessárias à nossa formação. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b> Há uma forte correlação entre o zelo
pelo patrimônio público e zelo pelo bem estar do povo e seu futuro. Devido a
esta correlação, convém não esquecer que os que não cuidam do patrimônio
público também não cuidam bem do futuro e prosperidade de seus povos, como
fizeram os neoliberais que governaram a América Latina na década de noventa do
século passado. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b> Para um brasileiro bem tomar
decisões políticas, dentre elas o voto, é preciso ler, no mínimo, bons livros
sobre as últimas décadas vividas pelos brasileiros, entre eles (e
principalmente), os escritos de Aloysio Biondi, Amaury Ribeiro Junior e
Palmério Dória. Quem ler estes autores, dificilmente votará em candidatos sem
compromissos com o povo. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b> Quando lemos bons autores, como
Dostoiévski, Tolstoi, e Saramago, chegamos a importantes conclusões em nossas
vidas, entre elas a de que o ser humano é constantemente subestimado. Na realidade, valemos e
sabemos mais que os outros pensam. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b> Respeitemos os conselhos de uma grande
escritora norte americana: “Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar” e
“Evitar o perigo não é, em longo prazo, mais seguro do que se expor a ele. A
vida é uma aventura ousada ou não é nada”. A escritora a que nos referimos é
Helen Keller (1880-1968), também filósofa e conferencista que demonstrou ao
mundo que dificuldades não impedem o sucesso. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b> Para nosso proveito, reproduzo aqui
o pensamento de Helen Keller sobre o saber: “Aprendi, por exemplo, que a
paciência é a preciosa virtude que nos faz vencer os mais terríveis
obstáculos”. “Saber é poder”, diz a velha sabedoria, mas podemos dizer, ainda,
que saber é possibilitar a felicidade. Obter conhecimentos extensos e profundos é necessário para saber
discernir o bem do mal, separar as coisas nobres das vulgares e, portanto,
saber achar a felicidade. Saber discernir as várias etapas da humanidade é
perceber e compreender as pulsações da alma através do tempo. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b> Festejar a vida é bom. Ler e estimular
a leitura faz parte do que melhor se possa fazer, pois ela é um poderoso
acelerador da maturidade. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b> Notas:</b></span><br />
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;"><br /></span></span></b>
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Arial;">1)<span style="font-size: 7pt; line-height: normal;"> </span></span><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">obras
recomendadas sobre práticas políticas- todas editadas pela editora geração
edi</span></span><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">torial:</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 53.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b>-
Aloysio Biondi- O Brasil Privatizado.<o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 53.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b>-
Amaury Ribeiro Junior – A privataria tucana. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 53.4pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b>-
Palmério Dória- O príncipe da privataria. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b>2) o indicador de analfabetismo
funcional de 2013 indicou que apenas 26% dos brasileiros são leitores plenos. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><b>3) estimular a leitura não é apenas
obrigação do Estado, mas também do cidadão. <o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 107%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><b>4) <span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Aos que desejam adquirir
conhecimento em política e economia internacional, recomendamos a leitura
constante da Revista Le Monde diplomatique editada em português no Brasil. O
artigo “Acordo para privatizar os serviços”, da revista de setembro de 2014,
está imperdível.</span></b></span>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-5600002624348884042014-03-30T20:17:00.003-04:002014-09-23T08:26:37.389-04:00COMPARAÇÕES ENTRE O GOVERNO DUTRA E O GOVERNO ELEITO DE GETÚLIO VARGAS<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>*Leon
Bevilaqua<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
</div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>- 1 –<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>Governo Dutra – (1946-1951)<o:p></o:p></b></span></div>
<br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>O governo Dutra ocorreu após o
governo interino de José Linhares, um presidente do STF que governou o país por
noventa e três dias, depois da queda de Getúlio Vargas em 1945.<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Dutra teve um governo medíocre, os
trabalhistas foram deixados de lado e não participaram do poder, apesar de nele
terem votado. A UDN- partido elitista e contra os pobres, dominou o cenário político.
As finanças estiveram mal dirigidas e a corrupção no Banco do Brasil incontida.
Nosso país esteve subordinado aos interesses estrangeiros e o povo não teve um
só aumento no salário mínimo.<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Uma das razões para que o povo
estivesse mal é que o movimento sindical foi cerceado por uma legislação
restritiva e os trabalhadores acuados pela ação policial. Ou seja, com Dutra a
repressão à classe trabalhadora foi regra da política. Em alinhamento com os
norte-americanos, houve o rompimento das relações com a União Soviética, uma
decisão natural dentro do contexto.<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>-2-<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Mas no governo que sucedeu o de
Dutra, o do presidente eleito Getúlio Vargas (1951-1954), o sindicalismo foi
livre e o ministro do trabalho, João Goulart, foi um amigo e protetor dos
interesses do povo. Foram efetuados dois aumentos do salário mínimo, o último
deles de 100 %, além de ter sido criada a Petrobrás e outras entidades
modernizadoras e benéficas à preparação de uma futura soberania plena da nação.<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Neste seu segundo governo, Getúlio
caiu em agosto de 1954. As forças conservadoras queriam que tudo voltasse ao
que tinham sido no governo Dutra. Queriam, principalmente, apropriar-se da
Petrobrás- recém criada-, e privatizá-la com as demais atividades energéticas
estatais, o que não conseguiram em parte devido ao trauma da morte de Getúlio.
Essas forças não aceitavam o nacionalismo e o desenvolvimentismo de Getúlio
Vargas e Goulart, mas os pretextos alegados foram a corrupção e outros absurdos.<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><u><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Notas</span></u><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">:<o:p></o:p></span></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; mso-tab-count: 1;"><b> </b></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>1.
Nos tempos que antecederam o primeiro governo de Getúlio Vargas, a questão do
voto feminino era bastante controversa. A revista “O malho”, à época, em uma
charge de capa, sugeriu que, no dia em que as mulheres fossem eleitas para o
Congresso, entre elas o plenário se restringiria a pontos de bordado, plissês e
peças de tecidos. Inúmeros parlamentares e juristas se manifestavam
frontalmente contrários à participação feminina na política. Houve até mesmo
quem afirmasse que a instituição do voto entre as mulheres seria algo “imoral e
anárquico, capaz de provocar a dissolução da família brasileira”. Ocupando o
cargo de chefe do governo provisório, Getúlio Vargas baixou o Decreto-lei de n.
21.076, de 24 de fevereiro de 1932, instituindo o voto feminino no Brasil. As
mulheres argentinas só obteriam tal conquista na década de 50.<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>2.
Há um fato histórico, pouco comentado, que demonstra a boa vontade de Getúlio
com os pobres e oprimidos: o Decreto-lei nº 1202, publicado em 8 de abril de
1939, durante o primeiro governo de Getúlio, que vetava ações que coibissem os
cultos religiosos. Antes de Getúlio, comuns eram as perseguições policiais aos
cultos religiosos dos negros, que eram chamados de sessões de macumbaria.<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>3.
Como no governo Dutra não houve um só aumento do salário mínimo, a questão
social herdada por Getúlio era gravíssima, de forma que ele teve que dar dois
aumentos no salário mínimo no seu último governo.<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>4.
Carlos Lacerda, após a morte de Vargas, foi perseguido pelo clamor público e
pediu asilo no Galeão e outros locais.<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>5.
No segundo governo de Vargas existiram pressões exigindo o envio de tropas
brasileiras para a Coréia, na época em que esta se encontrava em guerra, na
década de 50. Estas pressões eram exercidas principalmente pelos que desejavam
a manutenção de uma política de estreita colaboração com os Estados Unidos, o
que ocorrera no governo Dutra. Getúlio não enviou um só homem para a Coréia,
tendo auxiliado, simbolicamente, com o envio de medicamentos e café.</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
</div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>6.
<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>a)
Leitura fundamental para a boa compreensão dos governos de Getúlio Vargas é a
do livro de Hélio Silva, “1954: um tiro no coração”, publicado atualmente pela
LPM pocket-volume 619 da editora.<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>b)
Leitura que leva à boa compreensão das relações entre Getúlio e João Goulart:
“João Goulart- uma biografia”, de Jorge Ferreira, publicado pela editora
Civilização Brasileira, em 2011.</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
</div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>7.
Leituras valiosas sobre Vargas e seus períodos de governo:<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>a)
Discurso do Deputado Federal Artur Bernardes, proferido na sessão
extraordinária do dia 15/09/1953;<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>b)
A carta testamento deixada por Vargas;<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>c)
Discurso de João Goulart, no cemitério de São Borja, diante do caixão de
Getúlio Vargas;<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>d)
Discurso de Oswaldo Aranha, pronunciado por ocasião do enterro de Getúlio
Vargas, em São Borja.<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>8.
Desde os tempos de Vargas, privativistas tentam se apoderar das empresas
estatais energéticas. Eles têm consciência de que se conseguirem fazer isso por completo,
terão dominado a nação. A Petrobrás é sempre o maior alvo.</b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><b>9.
Getúlio Vargas foi o fundador do Estado Moderno brasileiro, promotor das
maiores reformas sociais e econômicas verificadas em nossa história, com
direitos trabalhistas e industrialização. Quem nega isso está com conversa fiada.</b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: center;">
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-76314241646863275972013-12-22T09:49:00.002-03:002014-09-23T08:26:29.798-04:00Juscelino terminou de construir Brasília na marra – a luta de JK para construí-la e o atrevimento de alguns. <br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>*Leon
Bevilaqua<o:p></o:p></strong></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>
</strong></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong><span style="mso-tab-count: 1;"> </span><o:p></o:p></strong></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>
</strong></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Juscelino Kubtschek, presidente do
Brasil entre 1956 e 1961, em junho de 1959, rompeu com o FMI. Ele estava
irritado, acreditando na existência de um conluio para paralisar em definitivo
a construção de Brasília. Seu ministro Lucas Lopes, um americanófilo, apoiado
pelo nada nacionalista Roberto Campos, disse-lhe para suspender as obras.
Indignado, Juscelino aproximou-se dos economistas estruturalistas, que
consideravam a tutela do FMI um empecilho para o desenvolvimento da América
Latina. Ambos os conselheiros liberais foram demitidos por JK.<o:p></o:p></strong></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>
</strong></span><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Notas:<o:p></o:p></strong></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>
</strong></span><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;">1) Quando
o udenista Adauto Lúcio Cardoso perguntou ao líder Carlos Lacerda se a capital
ia mesmo mudar, ouviu: “vai nada, Juscelino não é de nada. Isso vai é
desmoralizá-lo, porque ele não dará conta”. </span></strong></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Provocação e desafio.
Brasília, depois dessa, além de prioridade era questão de honra para JK. </strong></span></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Adauto Lúcio Cardoso e
Lacerda participaram ativamente do movimento golpista que depôs o presidente
João Goulart, em março de 1964.<o:p></o:p></strong></span></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>
</strong></span><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"><strong>2) L</strong></span></span></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;">ucas Lopes e Roberto Campos foram
agentes do liberalismo em sua luta contra o nacional-desenvolvimentismo que
caracterizou a ação do Estado Brasileiro.<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>
</strong></span><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">3)<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;">Lucas Lopes conspirou contra o governo
de João Goulart em 1964, situando-se entre os que após tentarem conquistar o
Estado pelas vias legais, optaram pela via golpista como meio de chegar ao
poder e concretizar suas ideias.<o:p></o:p></span></strong></span></div>
<span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>
</strong></span><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">4)<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;">
</span></span></span><!--[endif]--><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;">Carlos Lacerda foi jornalista e orador
brilhante do século XX brasileiro. </span></strong></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Entre boa parte dos
intelectuais brasileiros da atualidade, inclusive Saul Leblon, na revista Carta
Capital, estabeleceu-se um consenso: </strong></span></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Carlos Lacerda, hoje, é
amplamente desprezado pela História como alguém que usou o jornalismo e a
política para favorecer poderosos inimigos do povo, inclusive estrangeiros. Não
hesitou em perseguir de forma cruel, até a morte, Getúlio Vargas, tendo
perturbado enormemente os governos de Juscelino e João Goulart. </strong></span></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Tentou perturbar também
o regime militar instalado em 1964, mas foi contido com a cassação de seus
direitos políticos em 1968. </strong></span></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>Não há quem queira ser
tido pela posteridade como um vendido, um homem vil como Carlos Lacerda. </strong></span></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong></strong></span></span><br />
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong>5) </strong></span></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;"><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong> Trecho de um depoimento de Juscelino a respeito do rompimento que fez com o FMI: " Cada dia, crescia a intransigência dos técnicos daquele órgão. Não havia contraproposta que os satisfizesse. Em princípio de junho de 1959, veio o desfecho. Decidi romper com o Fundo e prosseguir, sem nenhum auxílio exterior, no meu programa de desenvolvimento. Logo a revista Time surgiu em campo, antegozando as dificuldades que o Brasil iria enfrentar: ' o Presidente do Brasil está num beco sem saída'. Essa era a manchete, característica da tradicional falta de acuidade política dos norte-americanos. Num beco sem saída, estaria sim, se me houvesse submetido às imposições do Fundo; pois teria que abrir mão do programa de metas; deixaria o povo passando fome; <u>não construiria Brasília</u>; nem realizaria a industrialização do país".</strong></span></span><br />
<strong><span style="font-family: Times;"> </span></strong><br />
<strong><span style="font-family: Times;"> Obs.: Este texto foi citado por Hélio Silva, em seu livro sobre o Presidente Juscelino, editado pela Editora Três.</span></strong></div>
<strong><span style="font-family: Times;"></span></strong><br />
<div class="MsoListParagraphCxSpMiddle" style="margin: 0cm 0cm 0pt 36pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<!--[if !supportLists]--><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-list: Ignore;">6)<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size-adjust: none; font-stretch: normal; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> <strong> E</strong></span></span></span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;">m dezembro de 2013, a Comissão da
verdade paulista concluiu que Juscelino foi assassinado por razões políticas em
22 de agosto de 1976 (ver link: <span style="color: red;"><a href="http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2013/12/juscelino-kubitschek-foi-assassinado-conclui-comissao-da-verdade-de-sao-paulo-7241.html">http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2013/12/juscelino-kubitschek-foi-assassinado-conclui-comissao-da-verdade-de-sao-paulo-7241.html</a></span>). </span></strong></span><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><strong><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; line-height: 115%;">Existe documentação
coletada por aquela comissão com indício de que o ex presidente foi alvo de uma
conspiração, e não morto em um acidente de carro. </span></strong></span><span style="line-height: 115%;"><strong><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">O motorista de
Juscelino, Geraldo Ribeiro, teria levado um tiro na cabeça e, por esse motivo,
perdido o controle da direção de um carro opala e batido em um veículo de
carga, matando Juscelino. Isso teria ocorrido na via Dutra, na altura da cidade
de Resende, no Rio de Janeiro. </span></strong></span><strong><span style="font-family: Times, "Times New Roman", serif;">O crime teria ocorrido
durante o governo do presidente Geisel e, segundo a comissão, os indícios
apontam que os mandantes do crime foram os generais Golbery do Couto e Silva –
então ministro da casa civil da presidência da república, e João Batista
Figueiredo, que na época comandava o Serviço Nacional de Informações, tendo
sido ele nomeado como último presidente militar do país dois anos depois.<o:p></o:p></span></strong><br />
<br />
</div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-52009897620129238092013-03-23T10:28:00.001-04:002015-09-20T11:45:04.458-04:00Opiniões contrárias<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>*Leon
Bevilaqua<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>
</b></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>- Um texto em que se fala de inimigos e
amigos da obra de Getúlio Vargas-<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>
</b></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>
</b></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> Somados
os dois períodos à frente do poder, GETÚLIO VARGAS passou dezoito anos e meio
no Catete, o palácio presidencial situado na anterior capital do Brasil, o Rio
de Janeiro. Houve tempo e ações que o tornaram o mais importante personagem da
História política nacional, tendo deixado uma obra de monumental estadista, protetora
dos interesses do nosso povo.<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>
</b></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Há um consenso: não houve ninguém
como ele que provocasse tanta paixão e ódio. Após aproximadamente sessenta anos
de sua morte- (ocorrida em 24/08/1954) - sua sombra e seu pensamento ainda estão
a nos envolver.<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>
</b></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Seu pensamento e ações ainda provocam
contestações, desafiando exegetas, antagonizando analistas.<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>
</b></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Para os que não são elitistas e
respeitam o povo, nos deixou uma herança de inestimáveis realizações a serviço
da soberania do país e em nome do engrandecimento do povo brasileiro.<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>
</b></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Para os equivocados, os mal intencionados,
os entreguistas e traidores da pátria, nos deixou um legado maldito, que
prejudica o presente e retarda o avanço da sociedade brasileira.<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>
</b></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Fernando Henrique Cardoso, um
neoliberal que foi um dos piores presidentes que este pais já teve, tentou
destruir a obra de Vargas. Foi inútil, embora tenha ele privatizado de forma
irracional boa parte do patrimônio público nacional.<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Contra ele e seu fiel escudeiro José Serra, pesarão bastante
perante a História os escritos que nos foram deixados por Aloysio Biondi e
Amaury Ribeiro Junior.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>
</b></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>O sucessor de FHC, um grande presidente trabalhista,
pensou de modo radicalmente oposto. Lula jamais escondeu sua admiração e
respeito por Getúlio. Em setembro de 2010, assinou a lei 12.326, que
oficialmente inscreveu o nome de Getúlio no livro dos heróis da pátria, que se
encontra no panteão da liberdade e<span style="mso-tab-count: 1;"> </span>democracia
em Brasília.<o:p></o:p></b></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>
</b></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>De um modo geral, pode-se afirmar que
os inimigos do pensamento e da obra de Getúlio, na atualidade, devem ser
encarados com descrédito e suspeita. No passado, não foi à toa que Lacerda, um
dos mais cruéis detratores de Getúlio, um dia passou a ser chamado de corvo. Ele e outros
inimigos de Vargas terão lugares tristes na História política do Brasil.<o:p></o:p></b></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> </b></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b> Notas:</b></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>1. Em tempos de fúria neoliberal, de regressão econômica, política e social, devemos lembrar os seguintes ensinamentos:</b></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>a) "<i>Não se pode negar a existência da questão social no Brasil como um dos problemas que terão de ser encarados com seriedade pelos poderes públicos. O pouco que possuímos em matéria de legislação social não é aplicado ou só o é em parte mínima, esporadicamente, apesar dos compromissos que assumimos a respeito, como signatários do Tratado de Versalhes</i>". Getúlio Vargas, 2 de janeiro de 1930, no comício da Esplanada do Castelo ao ler a plataforma da Aliança Liberal.</b></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>b) "<i>Não nos devem seduzir, por mais tentadoras que se apresentem, as sugestões dos que advogam a entrega, a organizações internacionais, do petróleo cuja existência no Brasil, graças ao meu governo, já não podem negar. Nem nos devemos intimidar com as veladas ameaças que se agitam contra a nossa indeclinável decisão... Já o disse e repito solenemente: quem entrega seu petróleo aliena a própria independência</i>". Getúlio Vargas, 30 de agosto de 1950, candidato a presidente em discurso em Salvador. </b></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>2. Duas obras confiáveis a respeito dos governos de Getúlio Vargas: </b></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>a) A Era Vargas, em três volumes, de José Augusto Ribeiro, da Editora Casa de Jorge.</b></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>b) O Ciclo de Vargas, de Hélio Silva, obra publicada a partir de 1960, tendo chegado a quinze volumes. </b></span><br />
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span>
<b><br /></b></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-13360518707411394382013-01-15T22:12:00.004-03:002013-02-03T20:13:18.152-03:00FICHA DE LEITURA DE UM LIVRO REVELADOR* Leon Bevilaqua<br />
<br />
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> CELSO FURTADO E O MINISTÉRIO DA CULTURA</span></b><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> O líder intelectual do desenvolvimentismo, autor de vários livros notáveis de História e Economia, o defensor incansável da industrialização brasileira, o idealizador da Sudene, o Ministro do Planejamento, o economista patriota, todos conhecem.</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> UM HOMEM MENOS CONHECIDO</span></strong><br />
</div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> O leitor culto e atento de literatura nacional, intensamente brasileiro e cidadão mundial, se revela ao grande público no livro Ensaios sobre a Cultura, volume cinco da coleção Arquivos Celso Furtado, editado pela Contraponto em abril de 2012, com útil introdução da viúva de Celso Furtado, a senhora Rosa Freire D’Aguiar Furtado. </span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Desde jovem, Celso Furtado percebera que “o instrumental da economia era insuficiente para entender os problemas do Brasil e do mundo; e que o uso generalizado, e até abusivo, da matemática, e dos grandes modelos econométricos, deixara de lado outras variáveis importantes”.</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Entre os significantes ensaios feitos por Celso Furtado, constam neste livro a homenagem a Jorge Amado e o discurso de posse na Academia Brasileira de Letras em 1997.</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Em textos esclarecedores, evidencia-se o pensador das relações entre economia e cultura, o formulador de políticas culturais quando foi Ministro da Cultura entre os anos de 1986 a 1988 – no governo Sarney. Hoje se sabe que um dos méritos do presidente Sarney foi ter tido Celso Furtado como ministro.</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Ele foi indicado para o cargo por Sarney, após receber o presidente abaixo assinado com 176 assinaturas, encabeçado por Oscar Niemeyer, Antônio Cândido, Antônio Houaiss, Barbosa Lima Sobrinho, Chico Buarque, Tom Jobim e muitos outros intelectuais.</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Em textos breves e qualificados, Celso nos falou de Darcy Ribeiro, Jorge Amado, Machado de Assis, Euclides da Cunha e outros brasileiros das letras. Referiu-se, também, à sua atuação no Ministério da Cultura, nos quase três anos em que nele permaneceu.</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Neste volume, existem dois artigos de intelectuais ligados à cultura, um de Oswaldo de Araújo e outro de Fábio Magalhães. Ambos abordam a ação de Celso Furtado no Ministério da Cultura. O livro é finalizado com duas entrevistas com Celso Furtado, a primeira feita a Hélène D’arc e Hélène le Doaré, e a segunda a Gabriela Marinho. </span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Esta obra revela um lado menos conhecido de Celso Furtado, mas não menos importante e merecedor de atenção.</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> NOTAS:</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> 1) Trecho da homenagem a Jorge Amado:</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> “As considerações que aqui faço são de um leitor sem maiores pretensões, que durante meio século acompanhou a montagem desse formidável afresco da sociedade nordestina que são os seus livros, nos quais tanto aprendemos sobre o que somos e como somos”.</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> 2) Trechos do ensaio – Machado de Assis: contexto histórico:</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> a) “a mistura de ceticismo e humorismo que constitui o cimento desta obra revela um pensador subterrâneo que enviasse mensagens aos leitores do futuro”.</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> b) “só a continuidade do sistema monárquico com sua simbologia encarnada na pessoa do imperador explica a preservação da unidade nacional brasileira”.</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> 3) No ensaio – Machado Metafísico, Celso Furtado manifestou especial apreço ao conto machadiano “Pai contra Mãe”, considerando-o um autêntico ensaio sociológico.</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> 4) No ensaio- Pressupostos da política cultural, Celso Furtado nos fala de um velho e bom princípio da economia política: “ Ao Estado cabe mais do que abrir espaço para que atuem as forças do mercado. Tarefa não menos importante é introduzir modificações estruturais que corrijam a tendência à concentração da renda e da riqueza”.</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> NOSSO COMENTÁRIO:</span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> </span></strong></div>
<div style="text-align: justify;">
<strong><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Na sofrida década de 90, do século passado, no Brasil, Argentina, Peru e Chile, os governos neoliberais deixaram de lado a introdução de políticas estruturais que corrigissem a tendência à concentração de riqueza. Mais que isso, privativistas apoderaram-se do Estado e realizaram a privatização de grandes empresas estatais. Ainda há quem tente, ferozmente, voltar ao governo federal para se apoderar de empresas básicas e essenciais à nação, como a Petrobrás, o Banco do Brasil, o BNDES e a Caixa Econômica.</span></strong></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-38297534195253446672012-10-11T21:59:00.000-04:002013-02-03T20:13:59.336-03:00Um livro sem capa - Recordações de um bibliófilo<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: center;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">* Leon Bevilaqua</span></div>
</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0pt; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Já estamos no início do terceiro
milênio, vivendo sob o governo desenvolvimentista e amigo do povo de Dilma
Rousseff. A situação econômica dos brasileiros melhorou significativamente e as
carências são menores, diferentemente da condição de muitos desses brasileiros na
infância.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b>Há sessenta anos, o acesso a
livros era raro, e os que haviam eram quase todos impressos em papéis ruins,
sem qualidade minimamente satisfatória. As cidades não tinham bibliotecas públicas como hoje, não havia livros digitais e o preço alto fazia com que o produto fosse, na prática, um artigo de luxo. </b><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-indent: 35.4pt;">Quando criança, sentia-me privilegiado por
ter livros de Monteiro Lobato e alguns clássicos de literatura de língua
portuguesa, entre eles Machado de Assis e Eça de Queiroz.</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Soube, alguns anos após essa
época, que uma família amiga tinha apenas um livro em casa, herança que uma
jovem dessa família recebeu de um tio seu. Ele não tinha capa nem as páginas
iniciais, de forma que a moça não soube o nome do autor e da obra. Foi assim
que ela teve o prazer de conhecer a literatura.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Tempos depois, para ter acesso
a livros, uma vez que a maioria das escolas não tinha bibliotecas, as crianças
que gostavam de ler tinham que pegar ônibus e ir até as bibliotecas
circulantes. Isso quando tinham a sorte de habitar cidades que tinham essas
bibliotecas.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Os momentos dentro dos ônibus
foram classificados por muitos, já não mais crianças, como inesquecíveis.
Muitos continuam correndo atrás dos livros até hoje.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A jovem minha amiga, do livro sem
capa, teve uma juventude difícil e carente. Casou-se com um rapaz que, na triste
década de noventa do século passado, perdeu o emprego e, para garantir o
sustento da família, montou uma banca de camelô. A amante dos livros acabou
substituindo o marido na banca, que foi transformada em ponto de troca de
livros. Mais tarde ela teve uma banca de jornal que em pouco tempo virou um
sebo.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A mulher foi trabalhar em uma
escola como monitora de alunos e, logo depois, conseguiu um emprego na
biblioteca da escola. Neste trabalho, combateu a fama de que as bibliotecas são
ambientes que cheiram mal.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não sei o que aconteceu a essa
amiga minha, pois tomamos caminhos diferentes. O certo é que em comum tínhamos
o amor pelos livros. Eu cultivo o amor à leitura em minhas filhas e ela nos
seus filhos.<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><br /><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<b><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Notas de um bibliófilo:<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoListParagraphCxSpFirst" style="margin-left: 53.4pt; mso-add-space: auto; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"></span><br />
<ol><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">
</span>
<li><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Bibliotecas
são espaços reservados para a produção de conhecimento, o que se obtém através
da ação/leitura. Para tanto, ela deve ser incentivada. Nesse sentido, é importante que as
bibliotecas sejam ambientes abertos, dinâmicos e agradáveis.</span></b></li>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">
</span>
<li><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Estimular
a leitura não cabe apenas aos professores de língua portuguesa e de literatura.
Instigar estudantes a ler é uma tarefa que deve começar em casa com os pais, e que deve continuar com todos os professores, do ensino infantil até as universidades.</span></b></li>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">
</span>
<li><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Obras
contemporâneas são importantes, mas nunca se deve deixar de lado os clássicos.
Detalhes de épocas passadas, diferentes estilos de escrita, e o mais
surpreendente: uma obra antiga pode ser mais atual do que se espera.</span></b></li>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">
</span>
<li><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Leitura
não é algo que deve ser instigado e cultivado apenas dentro das escolas.
Diferentemente do que muitos pensam, muito além de formar alunos leitores,
devemos ajudar crianças e adultos a encontrar o prazer que a leitura é capaz de
proporcionar.</span></b></li>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">
</span>
<li><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Conforme
dados do IBGE de 2009, 378 municípios brasileiros não tinham bibliotecas
públicas naquele ano. Só no Estado de São Paulo, eram 26 cidades.</span></b></li>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">
</span>
<li><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Até hoje, em muitos lares brasileiros, não há um só livro. Seria extremamente positivo que na cesta básica alimentar recebida pelos trabalhadores mais pobres, houvesse a surpresa de um livro. O fato da cesta básica levar um livro para o trabalhador uma vez por mês, possibilitaria que tais pessoas e suas famílias formassem em casa uma pequena biblioteca, uma forma criativa de aproximação com livros. Esta é uma ideia defendida por gente generosa, mas que precisa ser suportada principalmente pelo Estado. Uma outra forma de aproximação com os livros seria as entidades empregadoras passarem a dar livros a seus empregados nas datas festivas, como aniversário, natal e outras.</span></b></li>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">
</span>
<li><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> Para bons bibliotecários, mais importante que a biblioteca ter um bom acervo e boa estrutura, é o público usufruir. Se o acervo ficar guardado, sem uso, não adianta nada ter.</span></b></li>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">
</span>
<li><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> "O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado". Mário Quintana em <i>O caderno H.</i></span></b></li>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">
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<li><b style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-indent: -18pt;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"> "Os livros têm os mesmos inimigos que o homem: o fogo, a umidade, os bichos, o tempo; e o seu próprio conteúdo". - Paul Valery.</span></b></li>
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<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
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Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-31205831080667942782012-03-15T12:21:00.000-04:002012-05-03T20:48:51.592-04:00A vida quer é coragem - um livro de leitura altamente recomendável*Leon Bevilaqua<br />
<br />
<b>No futuro, muitos serão os escritos a respeito da primeira presidenta do Brasil, a economista Dilma Rousseff. Por inúmeras razões, entre elas o grande valor e coragem por ela demonstrados no decorrer da campanha eleitoral presidencial de 2010, quando enfrentou José Serra, um neoliberal entreguista que contou com apoio integral da velha imprensa. Aliás, valor e coragem nunca faltaram a esta mulher que se bateu contra um câncer pouco tempo antes de se candidatar a presidente, tendo sempre enfrentado consideráveis adversidades. Suas lutas em favor do povo mais sofrido desse país, antes e depois de assumir a presidência, terão se transformado em verdadeira lenda dos tempos atuais-apesar das tecnologias de documentação já existentes.<br />
Neste futuro, ainda se falará da obra pioneira de Ricardo Batista do Amaral, seu primeiro biógrafo, jornalista autor do livro “A vida quer é coragem”. No texto, é abordada a vida de uma mulher sensível e resoluta, que ama a obra de Cecília Meirelles, que gosta em especial do poema que diz:<br />
“Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar/ e a voltar sempre inteira”.<br />
Estes versos constituem a síntese da trajetória dessa mulher incomum.<br />
Ela foi a primeira mulher a ocupar cargo de chefia relevante na prefeitura de Porto alegre e no estado do Rio Grande do Sul.<br />
Nos governos do presidente Lula, a primeira mulher ministra das minas e energia e chefe da casa civil. Nesses cargos, demonstrou capacidade ímpar de gestora, o que levou Lula a indicá-la como candidata a presidente e a apoiá-la na escalada á presidência da república.<br />
É a leitura deste livro, que conta a trajetória de Dilma e boa parte da história política de nosso país no século passado, que recomendamos aqui.<br />
<br />
Livro recomendado:<br />
A vida quer é coragem.<br />
Assunto: Biografia de Dilma Rousseff inserida num fundo histórico<br />
Autor: Ricardo Batista Amaral</b><br />
<b>1ª Edição</b><br />
<b>Acabamento: brochura</b><br />
<b>Formato médio: 15,9 cm X 23 cm</b><br />
<b>Capítulos: 22</b><br />
<b>Peso: 680 g </b><br />
<b>
Editora: Primeira pessoa- Sextante.<br />
Número de páginas:304<br />
Ano de Publicação:2011.<br />
</b><br />
<b><br /></b><br />
<b>Notas:</b><br />
<b><br /></b><br />
<b>1) Entre os resultados da pesquisa feita por Ricardo Batista do Amaral para escrever esse livro, está o achado da foto de Dilma sendo interrogada pela justiça militar em novembro de 1970, que está inserida no livro e em sua contra-capa.</b><br />
<b>Dizem que essa foto fará com que Dilma entre para a História, mas Dilma dela fará parte sobretudo pelas suas políticas de inclusão social e proteção do patrimônio público da ganância de certos privativistas.</b><br />
<b>2) O texto do livro é elegante e preciso. Uma das melhores reportagens políticas já escritas nos últimos tempos. É também um ensaio sobre uma nação que se deixou cortar por décadas até se revelar novamente inteira.</b><br />
<b>3) Ricardo Batista Amaral faz parte de um escolhido grupo de amigos da presidenta, de quem cuida e troca confidências.</b><br />
<b>4) O pai de Dilma, Pedro Roussef, era um homem culto e bastante amigo da filha. Foi ele quem lhe apresentou os clássicos Zola, Dostoievsky e Balzak, que foram bastante lidos por ela.</b><br />
<b>5) O autor deixou de citar um importante fato do segundo turno das eleições presidenciais, ocorrido em 16 de outubro de 2010, num sábado, em Canindé do Ceará, na Igreja de São Francisco. Em missa oficiada pelo Frei Francisco Gonçalves, um religioso de reconhecida bondade, nordestino de Campina Grande, o então candidato a presidência José Serra e o ainda Senador Jereissati foram desmascarados em suas campanhas pseudo religiosas pelo oficiante que, quase ao final da missa, proibiu a distribuição de panfletos detratores de Dilma, falsamente atribuídos e assinados pela CNBB.</b><br />
<b> O político Tarso Jereissati - que acompanhava a missa ao lado de José Serra, se exaltou e afirmou que "eram uns padres petistas como aqueles que estavam causando problemas à Igreja". Partidários de Jereissati e José Serra também se exaltaram e o Frei teve que ser escoltado na saída da Igreja.</b><br />
<b>O infortúnio de Serra começou já ao chegar ao local, quando foi vaiado do lado de fora da igreja por manifestantes pró Dilma. Na saída, o candidato chegou a ser empurrado em novo conflito em que quase caiu.</b><br />
<b>Apesar dos papéis nada edificantes desempenhados por certos líderes religiosos na campanha presidencial de 2010, ainda restam valorosos líderes como Frei Francisco Gonçalves, Dom Pedro Casaldáliga e Dom Tomaz Balduíno, que não se associam com poderosos e mantém seus compromissos com os ensinamentos do mestre.</b><br />
<b>6) No fim do capítulo 21 do livro, na página 298 desta edição, o autor nos fala do papel desempenhado pelo Papa na eleição presidencial de 2010. É um dos tópicos mais importantes do livro.</b><br />
<b>7) No texto é abordada a importância do apagão elétrico no governo FHC/Serra - que possibilitou em grande medida a ascensão de Dilma.</b><br />
<b>8) Nos blogs da revista Veja, sempre mordazes em relação aos trabalhistas e amigos do povo, esse livro foi classificado como hagiografia.</b><br />
<b><br /></b>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-11910169052681318302011-01-06T14:34:00.018-03:002011-12-21T20:54:26.261-03:00Algumas reflexões brasileiras no 1º centenário da morte de Leão TolstóiLeon Bevilaqua <br />
<br />
<br />
Estamos vivendo no ano do 1º centenário da morte de Leão Tolstói, ocorrida em 1910. Tornam-se oportunas algumas reflexões sobre sua vida, sua obra, seu pensamento e atualidade. <br />
Sua obra, por ter grande amplitude e variedade de gêneros - o conto, a novela, o romance, o teatro, a doutrinação estética, social e moral, abrange algumas milhares de páginas. Mas até hoje, ao levarmos adiante a leitura de seus escritos, os ganhos estão assegurados. <br />
Ele foi o criador do quadro mais vasto e grandioso dos destinos da vida humana. Isto jamais ocorreu nas línguas modernas, depois das epopeias gregas e latinas. <br />
Guerra e Paz, seu livro mais importante, foi publicado entre 1865 e 1869 em um periódico da época. Ele foi escrito na temporada mais feliz da vida de Tolstói. É um painel imenso das alternativas da paz e da guerra, um romance notável, acoplado a muitas considerações úteis até hoje aos que aspiram escrever obra de arte ou não. <br />
Sobre o adultério e suas decorrências, jamais alguém falou com mais propriedade que ele em Anna Karenina (1875) e Sonata a Kreutzer. Este último livro é um libelo contra o casamento, nele se manifestando pela primeira vez em sua obra - com pujança- a ideia moral que preside a segunda e última fase de sua obra. Essa segunda fase é por muitos considerada sombria. Nela estão relacionados como principais os seguintes livros: 1º A morte de Ivan Ilitch – de 1886- um de seus trabalhos mais perfeitos do ponto de vista artístico. É um relato comovente em que as ideias de Tolstoi não aparecem de uma forma explícita, mas são sugeridas graças à mestria das análises psicológicas. Entre os temas abordados no desenrolar dessa história de um homem que agoniza em meio a tremendos sofrimentos, destacam-se os seguintes: a mediocridade da vida burocrática, o orgulho e a tentativa de exclusão dos mais pobres, as desilusões e hipocrisias no casamento e a angústia perante a proximidade da morte. Mas o grande tema abordado, sem dúvida, é o conflito entre a ciência e as verdadeiras necessidades e aspirações do ser humano. 2º Sonata a Kreutzer – de 1890- um livro que nos fala de ciúme, violência e hipocrisia – é a primeira de suas obras francamente doutrinárias; 3º Ressurreição - de1899- este livro foi lançado pouco mais de dez anos antes de Tolstoi morrer, foi seu último romance. Na época em que foi publicado, o autor, já famoso, era mais conhecido pelas críticas sociais e religiosas do que propriamente como escritor de ficção. Ressurreição é um dos melhores romances de todos os tempos, demonstra a interdependência entre privilégio e violência através de um preciso desvendamento das relações de poder na sociedade. <br />
É texto impregnado de espírito evangélico, um libelo contra a justiça dos tribunais russos da época em que viveu o autor. Leitura de utilidade para os diversos profissionais das lides jurídicas, é obra em que o mestre russo fala muito de dinheiro e também dos feitos dos advogados para obtê-lo para seus clientes. A leitura desta obra é uma oportunidade valiosa de passarmos a entender mais da atualidade em que vivemos. Só um escritor que amasse profundamente a humanidade poderia tê-la escrito.<br />
Quando se trata de autores como Tolstói, todos os seus trabalhos são importantes, principais, inclusive os que alguns consideram menores, como - De quanta terra precisa o homem?- texto pertencente às suas lendas populares. Nestas poucas páginas, Tolstói nos fala dos contrastes da vida rural e urbana, da ganância humana sempre em busca da posse da terra para ter símbolo de status e domínio social. <br />
As lutas terríveis e assassinas pelas terras das novas fronteiras agrícolas brasileiras- (Pará, Mato Grosso, Roraima e outros) – nos evidenciam a utilidade da leitura e análise de textos pertinentes e oportunos como esse. <br />
Muito do pensamento de Tolstói foi mal recebido pela Igreja Ortodoxa Russa, pois ele questionava a necessidade de existência do corpo clerical, criticando fortemente a aproximação da Igreja em relação ao Estado. O comportamento nada ético de muitos clérigos da Igreja Católica e algumas seitas evangélicas nas eleições brasileiras de 2010, nos fez ter cogitações semelhantes às de Tolstói. Nestas eleições, até o Papa teve comportamento nada recomendável, ao tentar dar sustentação ao candidato presidencial mais antiético. <br />
Afortunadamente o povo brasileiro manifestou, uma vez mais, o seu bom senso. O resultado das eleições foi favorável às forças desenvolvimentistas ligadas aos interesses populares. No plano federal, foram derrotados os equivocados privativistas e entreguistas pelos quais tantos setores clericais torceram e trabalharam desde antes do golpe de 1964. <br />
Tolstói foi um mestre do realismo e várias de suas observações gozam de indiscutível perenidade. Eis aqui três delas: <br />
1ª) “ Um estadista honesto e virtuoso é uma contradição interna tal como uma prostituta casta ou um alcoólatra sóbrio”. <br />
Quantos dos políticos atuais brasileiros desmentem essa constatação do pensador russo? <br />
2ª) “ Os ricos fazem tudo pelos pobres, menos descer de suas costas!” <br />
3ª) “ Se queres ser universal, fale de tua aldeia”. Ou seja, para ser universal, é preciso somente estar atento ao seu mundinho particular.<br />
Lenin, no artigo “Lev Tolstói como espelho da revolução russa”, sublinha o papel do escritor como um denunciador dos maiores males e chagas da sociedade capitalista. Como Tolstói, apesar de suas brigas com o clero ortodoxo russo era um místico idealista procurando reencontrar a caridade do cristianismo primitivo, Lenin concluiu seu artigo falando do atraso de Tolstói em relação a determinadas questões. <br />
Tudo indica que, assim como as grandes epopeias gregas e latinas atravessaram os milênios, também a obra monumental de Tolstói conseguirá tal feito. Em todas as fases de seus trabalhos, Tolstói foi vigoroso na descrição dos detalhes e na animação dos grandes afrescos históricos e sociais. A exemplo de outros mestres da literatura, em todas as histórias que contou, o dinheiro é o personagem principal.<br />
Finalmente, queremos reiterar aqui a importância da maior parte do pensamento de Tolstói, sua leitura historicamente útil, proveitosa; mesmo quando abordando utopias com as quais todos um dia sonhamos e que jamais serão realizadas. <br />
<br />
Notas: <br />
1) No 1º centenário da morte de Tolstoi, parte dos russos pede que a igreja ortodoxa russa perdoe o autor de Guerra e Paz, anulando sua excomunhão de fevereiro de 1901.<br />
2) Já bastante conhecido e afamado, tendo já escrito sua obra-prima Guerra e Paz, Tolstói, após uma doença, durante cuja convalescência teve oportunidade de ler Shakeaspeare,Molière e outros grandes dramaturgos, resolveu escrever também para o teatro. Na extensa obra de Tolstói, é o seu teatro parte pequena. Ele o escreveu depois dos 58 anos e não são mais que cinco peças. <br />
*Relação das cinco peças teatrais escritas por Tolstói*<br />
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1ª)O poder das trevas - drama em 5 atos<br />
2ª)O cadáver vivo - drama em 6 atos <br />
3ª)Os frutos da civilização - comédia em 4 atos<br />
4ª)O vagabundo - comédia em 2 atos<br />
5ª)O mujique e o operário - comédia em 6 quadros<br />
<br />
Existem adaptações de textos de Romances, contos e novelas de Tolstói para peças teatrais. Algumas destas adaptações são originadas em parte do texto de Guerra e Paz e outras narrativas. Senhor e Servo originou uma bela peça teatral.<br />
“E uma luz brilha na escuridão”- é uma bela peça baseada em texto de Tolstói, que deverá ser encenada na Alemanha e na Rússia dentro em breve. A peça aborda o tema de como se deve viver de fato.Compartilhar tudo, dar tudo que se possui conforme pretendeu fazer Tolstoi em sua velhice, ou seria o caso de cuidar de si mesmo. Se pensarmos na crise econômica e nos salários dos executivos, o tema é bastante atual. Ele tencionava dar seus valiosos bens no fim de sua vida, mas foi impedido por pressões de sua esposa, familiares e amigos. Por não ter feito tal doação, após sua morte, foi classificado como hipócrita por seus detratores. Eles não levaram em conta o fato de que o escritor destinara boa parte dos direitos autorais dos livros que escreveu a atos humanitários, inclusive os direitos do livro Anna Karenina.<br />
3) O cineasta Serguei Eisenstein disse que “Anna Karenina” era de um moralismo feroz, e é verdade, é uma condenação do adultério. Ao mesmo tempo, apresenta uma compreensão, uma capacidade de transmitir os nuances, os sentimentos humanos, diante das quais essa finalidade inicial quase desaparece. Anna Karenina foi considerada por Dostoievski, em seu DIÁRIO DE UM ESCRITOR,"uma obra de arte perfeita".<br />
4) Alexander Tolstói, bisneto de Leão Tolstói-(1828-1910)- participou - no fim do ano de 2010 - de atividades em Montevidéu que lembraram a morte do escritor russo há cem anos. Ele forneceu aos organizadores do evento abundante material fotográfico e bibliográfico entre outros. “Quando Leão morreu, o mundo chorou a morte de um dos maiores escritores, mas também de toda uma autoridade moral” – disse o descendente que há oito anos reside em Punta del este, a cerca de 140 Km de Montevidéu. <br />
5) A atriz britância de origem eslava Helen Mirren defendeu as ideias de Tolstói ao afirmar, no 1º centenário de sua morte, que “qualquer Deus teria aceitado em seu céu o escritor russo”- excomungado desde 1901 por suas críticas à igreja ortodoxa. “Afinal de contas, sempre foi querido pelas pessoas, mas não pelo governo”, afirmou Mirren que recentemente interpretou Sofia, a esposa do autor no filme “A última estação” de Michaell Hoffman. <br />
6) O pacifismo messiânico de Tolstói deixou uma boa marca na História: Mahatma Gandhy foi um dos seus mais ilustres discípulos, como também Martin Luther King. Gandhy e Tolstói trocaram cartas. É nítida a influência do pensamento de Tolstói na longa vida política de Gandhy. A correspondência entre Tolstói e Gandhy duraria somente um ano. De outubro de 1909 a novembro de 1910.<br />
7) Minha vida – As memórias de Sofia Andreevna Tolstaia – esposa de Tolstoi – é um livro lançado em inglês em maio de 2010 pela Otawa University Press – sem tradução ainda para o português. Sofia, inicia sua narrativa contando sua infância.<br />
8) Tolstói -em Guerra e Paz -foi acusado pelos críticos da época de embaralhar fatos e ficção.<br />
9)Para teólogos como Leonardo Boff- O Reino de Deus está em vós (1878) – é um dos livros mais importantes que Tolstói escreveu, tendo influenciado Gandy e Martin Luther King.<br />
10) Guerra e Paz é a grande epopéia da nação russa. Ela se refere a um importante período histórico, de cerca de quinze anos- de 1805 quando ocorreu a primeira guerra entre a Rússia czarista e a França de Bonaparte, a 1820 quando se tornaram perceptíveis os sinais da insurreição dos dezembristas. São quinze anos de história da Rússia repletos de acontecimentos decisivos. O ambiente agitado é o cenário em que viveram as personagens do romance. <br />
11) Tolstói, está fora de dúvida, foi um homem que em toda sua vida procurou com zelo fanático a verdade. Daí decorreu o caráter autobiográfico de sua obra que acompanha todas as vicissitudes de sua vida. Guerra e Paz, um trabalho menos autobiográfico, é sua obra mais objetiva, mas também corresponde a uma fase de sua biografia, a época feliz do casamento, da vida de grande senhor rural e grande escritor. Ressurreição é o apogeu da “ literatura de acusação contra o sistema político e social russo”, contra as colunas da sociedade russa. Em 1898, no mês de setembro, Tolstói visitou uma prisão, coletando dados para escrever Ressurreição. Em 1900 - janeiro, recebeu visita de Gorki, que dele escreveu: " Agradou-me; é um verdadeiro homem do povo".<br />
12) Tolstói, como muitos outros bons escritores, produziu uma obra prima atrás da outra, mas morreu sem ganhar o prêmio Nobel.<br />
13) Tolstói nasceu em 9 de setembro de 1828- em Iasnaia Poliana, uma propriedade rural de sua família, a cerca de duzentos quilômetros de Moscou, onde viveu quase toda sua vida. A mansão existente nessa propriedade é muito bem cuidada até hoje pelo estado russo. Seu túmulo fica nessa propriedade. É notável a simplicidade das acomodações ocupadas por Tolstói em vida.<br />
14) Algumas outras frases notáveis de Tolstói:<br />
No fim do caminho está a liberdade. Até lá, paciência.<br />
Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para fogueira.<br />
Dizer que vai amar uma pessoa a vida toda é como dizer que uma vela continuará a queimar enquanto vivermos. <br />
Não existe grandeza onde não há simplicidade, bondade e verdade.<br />
Não se pode ser bom pela metade. <br />
A vida matrimonial lembra uma barca que conduz duas pessoas em águas tempestuosas. Se qualquer uma das duas faz movimentos muito bruscos, a barca afunda.<br />
As famílias felizes parecem-se todas; as famílias infelizes são infelizes cada uma à sua maneira.<br />
A razão não me ensinou nada. Tudo o que eu sei foi-me dado pelo coração.<br />
É no coração do homem que reside o princípio e o fim de todas as coisas.<br />
... a verdade é que tudo neste mundo, exceto Deus, é uma brincadeira.<br />
15) Se compararmos o livro Anna Karenina com Guerra e Paz, constata-se que é um romance de estrutura mais afinada com a dos romances modernos, sem as longas digressões da obra anterior, com um núcleo dramático mais definido.<br />
16) Chopin era o compositor preferido de Tolstói. Sonata a Kreutzer, no entanto, é um livro dele homônimo de uma peça musical de Beethoven.<br />
17)Tolstói estudou música e se converteu em pianista. No capítulo VI do livro Primeiras reminiscências e recordações - de sua autoria - ele nos fala que tocava com sua amiga e parenta Tatiana Alexandrovna Ergolskaia, a quatro mãos, tendo se surpreendido com a segurança e a técnica de sua execução. O pai de Tolstói falava alemão e ele também. Tinha sotaque saxão, como seu preceptor alemão na infância. Como ser dotado de significativa inteligência e assimilação rápida, Tolstoi aprendeu várias outras línguas. Chegou a escrever fluentemente em francês e inglês, tendo, inclusive, mantido correspondência com intelectuais dessas duas línguas. Dominou o grego de tal forma que suas traduções eram mais perfeitas do que a de professores daquela língua clássica.<br />
18) Tolstói foi casado por 48 anos. Deixou viúva Sofia Andreevna Tolstaia, que dele engravidou 15 vezes.<br />
19)Tolstói entendia de muitos assuntos, como demonstrou ao longo de sua obra. No livro Khadji Murat, por ele planejado por tanto tempo e publicado em 1912, após sua morte, o grande assunto por ele abordado com competência foi a rivalidade. Rivalidade não só entre dois homens - Khadji e Chamil - mas também entre povos. Após a leitura desta curta novela ficam algumas conclusões: Khadji Murat é uma das melhores novelas até hoje escritas, sendo fundamental para que se compreenda o percurso de Tolstói ao longo de sua obra. Tolstói foi homem de intensas leituras. "Fausto", "Dom Quixote" e "Os Miseráveis" foram consideradas por ele obras muito importantes. Em carta a um amigo, afirmou: " ... de todas as ciências que o homem pode e deve saber, a principal delas é a de viver fazendo o mínimo possível de mal e o máximo possével de bem". Tolstói foi um moralista e, sendo assim, deve ser compreendido e louvado.<br />
20) Os descendentes de Tolstói vivem em 25 países. São mais de 350 pessoas. Entre os países em que eles residem, relacionam-se os seguintes: Rússia, França, Itália, Suécia, EUA, Grã Bretanha, Uruguai e Brasil.Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-33693611873599982592010-07-12T17:32:00.000-04:002010-07-12T17:32:29.723-04:00Crise econômica atual*Leon Bevilaqua<br />
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É preciso que fique claro, evidente para todas as pessoas: A grande crise econômica, que vem se acentuando desde 2008, é decorrência da hegemonia, nos últimos trinta anos, do neoliberalismo - uma ideologia de direita que desregulamentou os mercados financeiros.<br />
Sabemos que a falta de regulamentação ( medidas de precaução) destes mercados não é causa única da situação que vivenciamos, mas foi das mais evidentes. Assim sendo, cabe aos estadistas impedir que banqueiros produzam novos sofrimentos, disciplinando tais mercados e tomando outras medidas que se encaminhem no mesmo sentido. <br />
Uma outra causa da crise, bastante ponderável, é a ainda existente dominância do dólar como moeda que não mais se justifica. Depois da segunda guerra mundial, quando ela começou a se intensificar, o PNB americano era da ordem de 50% do PNB mundial, hoje é da ordem de 20%.<br />
Os norte-americanos são, há significativo período de tempo, grandes consumidores que produzem menos do que consomem, situação está que se mantém através do endividamento. Isto não deve permanecer por tempo indefinido, mesmo com os privilégios da emissão de moeda obrigatoriamente aceita por todos. Fazem-se necessárias reformas que retirem do dólar tal primazia de forma a assegurar mais justiça nas transações financeiras internacionais.<br />
Países como o Brasil, Argentina, Índia e outros já estão contornando alguns problemas cambiais causados pelo dólar, fazendo acordos bilaterais nos quais fica estabelecido o pagamento dos saldos em moedas nacionais.<br />
O FMI, o Banco Mundial e outras entidades financeiras terão que ser reformadas dando mais espaço à atuação dos BRICs. Na prática, o G20 já está operando algumas das funções do FMI .<br />
O mundo está diferente, a monopolaridade está em franco retrocesso, a multipolaridade já se estabeleceu e tem se fortificado apesar das forças retrógradas tentarem retroceder o processo. As nações já começam a não aceitar subordinações humilhantes.<br />
É tempo de mudanças e novas regulamentações de mercado. Mesmo economistas conservadores já têm um consenso mínimo: Para evitar novas catástrofes, é preciso criar mecanismos que solucionem problemas isolados e sistêmicos, além de impedir que o stress se alastre pelas fronteiras nacionais.<br />
Como se sabe, o neoliberalismo prega que o funcionamento da economia deve ser entregue às leis de mercado, com menor intervenção estatal. Segundo seus defensores, a presença do Estado na economia inibe o setor privado e freia o desenvolvimento. Como consequência dessas idéias o Estado deve ser “mínimo”.<br />
Entretanto, a corrente crise evidencia a fragilidade de tais idéias neoliberais. A tese do “Estado mínimo” está falida. Quem defende que o mercado tudo resolve está contra a corrente, é hostil à realidade. Revalidam-se as teses de Celso Furtado e outros economistas defensores de Estados com setores financeiros fortes e indutores permanentes de crescimento, desenvolvimento e estabilidade.<br />
Governos que se deixaram dominar pelas idéias neoliberais, que renunciaram a ter empresas e bancos estatais poderosos, estão, agora, em maus lençóis. Não podem socorrer suas economias, nem induzi-las a terem menores diminuições de seus PNBs.<br />
Um dos países que permitiu a destruição de suas empresas e bancos estatais, vendo agora sua economia ter desastrosa diminuição do PNB, com quase nada a ser feito no sentido de protegê-la é o México. Em sua economia não há nada de entidades semelhantes ao nosso BNDS, Banco do Brasil ou Caixa Econômica Federal.<br />
O governo brasileiro presidido por Lula felizmente não deixou ser destruído seu setor bancário estatal, e, por isso, está podendo tomar medidas eficazes contra a crise e seus efeitos negativos. Assinale-se aqui que esta manutenção do setor bancário estatal exigiu coragem e valor. No governo anterior- o de FHC – haviam pressões terríveis no sentido da privatização escandalosa não só do setor bancário, mas também das outras empresas rentáveis estatais brasileiras.Uma boa documentação a respeito das nefastas privatizações empreendidas por FHC são os textos jornalísticos e livros de autoria do renomado jornalista Aloysio Biondi. Claro que as entidades finaceiras Estatais e a Petrobrás só escaparam das privatizações do Governo FHC porque tiveram ferrenhas defesas dos patriotas e nacionalistas que atuavam na política da época .<br />
Embora a esquerda tenha, nas últimas décadas, tido seus méritos por ter defendido um papel ativo para o Estado na diminuição das desigualdades, é verdade que também cometeu inúmeros erros. Não resistiu o necessário á proposta de desregulamentação Neoliberal, nem constituiu uma alternativa econômica á teoria neoclássica. Keynes teve uma esquerda desenvolvimentista medíocre que pregava a irresponsabilidade fiscal, que muitos políticos sabem ser desastrosa.<br />
Na década de 80, a esquerda rendeu-se de forma despudorada ao neoliberalismo. O acontecimento mais triste dessa rendição, sem dúvida, foi a virada para a direita ocorrida na França e empreendida por François Mitterrand.<br />
Como os chineses nos ensinam, época de crise é também época de oportunidades.<br />
Diante desta, temos a chance de resgatar muitas das virtudes dos pensamentos de esquerda, pondo-os em prática em benefício da população de nosso país. Entre eles está o de que os bancos estatais devem ser preponderantes, assegurando à economia mais equilíbrio e desempenho.<br />
A manutenção do vigor do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do BNDS, são fatores que estão a beneficiar o nosso país.<br />
Adam Smith- em seu livro A Riqueza das Nações- nos deixou uma lição que agora mais que nunca não pode ser esquecida: infeliz da nação que se deixa dominar pelos banqueiros privados.<br />
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Economista formado pela USPUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-27034610639738173932010-03-14T16:20:00.001-04:002010-03-23T15:31:56.039-04:00O FMI TENTA CONTINUAR O MESMO<strong>Leon Bevilaqua</strong><br /><br /><br /><br /><br /> Nas décadas de 80 e 90 do século passado, o FMI – Fundo monetário internacional – revelou-se plenamente como instrumento de opressão das nações mais pobres, dependentes do capitalismo central. Mais que isso, foi um instrumento de imposição e ampliação do neoliberalismo, que na época era dominante e quase unanimidade.<br /> Os representantes do FMI eram recebidos, nas capitais e cidades principais dos países pretendentes de empréstimos, como personalidades cujas biografias e entrevistas eram merecedoras de publicação nos principais jornais desses países. No Brasil, os jornais Folha de São Paulo e Estadão, além das principais revistas, desempenharam esse papel.<br /> Banqueiros privados, em entrevistas à grande imprensa, diziam que era absurdo ainda existirem bancos estatais como o BNDES, Banco do Brasil e Caixa econômica federal. Arrogantemente, afirmavam que estas entidades deveriam ser imediatamente privatizadas. O senador direitista Roberto Campos, já falecido, por muitos chamado de Bob Fields, referia-se em seus discursos no senado e entrevistas na imprensa à Petrossauro, a Petrobrás – como uma empresa que deveria também ser privatizada o quanto antes, para o bem e maior eficiência da nação. <br /> Existem países que embarcaram completamente nas barcas da privatização, hoje estando bastante lesados e arrependidos. O México é um deles, tendo amargurado em 2009 diminuição do PNB de 5,8% .Nestas décadas citadas, não só o México como o Brasil e a Argentina sofreram horrores. Felizmente o Brasil e países asiáticos não obedeceram tanto à corrente que se seguia. Souberam manter seus principais bancos e estatais. Hoje os bancos estatais e a Petrobrás estão evitando muitos sofrimentos ao nosso povo.<br /> Nossa queda de PNB em 2009 foi de apenas 0,2%, o que indica estagnação, mas foi resultado razoável para a época adversa atravessada.<br /> Lógico que alguns dos políticos desses tempos difíceis tiveram o grande mérito de, com sacrifícios difíceis de imaginar, impedir muitas das privatizações que o FMI e outras entidades queriam a todo custo nos impor. Mesmo assim, por ocasião do festival de privataria que assolou nosso país no fim da década de 90 e começo desse século, protagonizado por FHC e seu fiel escudeiro José Serra, foram a nós impostas privatizações inconstitucionais e absurdas. A mais importante delas, a mais escandalosa, foi a da Companhia Vale do Rio Doce.<br /> Com a crise econômica internacional que eclodiu em 2008 e ressaltou os riscos de um projeto neoliberal duro e puro, tendo reiterado a necessidade de regulação dos mercados e atuação anticíclica por parte do Estado, era de se esperar menos imposições neoliberais do FMI aos estados necessitados de empréstimos; principalmente levando em conta que os brics – Brasil, Rússia, Índia e China- agora são credores daquela entidade. <br /> Em março de 2010, o governo Turco rompeu negociações de dois anos com o FMI porque esta entidade, para conceder empréstimo inferior ao pretendido, exigiu privatização de parcela substancial dos bens públicos daquela nação. Esta pretensão causou temores não só na população turca, como em seus políticos. O primeiro ministro turco – Recep Tayyip Eslodegan não hesitou em desqualificar em público a entidade, o que causou mal estar. Já não existem países dependentes como antigamente! Já não são estendidos tapetes vermelhos para representantes do FMI, embora eles tentem ser os mesmos de antes. Não é à toa que o G 20 tende a absorver muitas das funções do FMI.<br /><br />-Nota 1-<br />O FMI consumiu sua credibilidade junto aos países asiáticos em 1997, quando se aproveitou das dificuldades dos países da região que sofreram ataques especulativos para impor, de forma evidente, os interesses financeiros e econômico dos EUA e a ideologia neoliberal em voga. Com objetivo de não mais dependerem daquela entidade subordinada a Washington, os países da região passaram a acumular reservas de forma obssessiva. A França e a Alemanha falam em criar um fundo europeu e, os países asiáticos, cogitam situações semelhantes.Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-55599230421827085472009-12-01T16:47:00.000-03:002010-01-22T20:03:42.722-03:00ELEIÇÕES BRASILEIRAS DE 2010Leon Bevilaqua<br /><br /><br />Estamos no fim de 2009 e o risco de moratória de Dubai- que foi socorrido financeiramente em dezembro, a situação financeira precária na Ucrânia, Romênia e países bálticos, indicam que a superação da crise econômica a nível mundial está, provavelmente, distante e difícil.<br />Apesar desse momento econômico internacional, o Brasil segue em águas relativamente tranqüilas devido a várias razões, dentre as quais a decidida atitude do governo federal que soube, até o momento, como manter consumo, emprego¹ e renda.<br />Quando a crise se manifestou claramente, em 2008, a lógica privativista fez com que o crédito bancário fosse drasticamente reduzido e o perigo do desemprego se alastrasse mundialmente.<br />Contudo, no Brasil, o Presidente da República incentivou o consumo. Ele apostou que a manutenção de um mercado ativo com bom nível de consumo, impediria que o país fosse fortemente atingido pela crise que afligiu o mundo². No entanto, o crescimento do PIB, em 2009, foi próximo de zero.<br />Dada a existência de um setor bancário estatal saudável, pode o presidente – utilizando renúncias fiscais (redução do IPI da linha branca, por exemplo)- dar crédito e sustentação ao consumo e emprego da população e das empresas. Como conseqüência, houve aumento do endividamento público.<br />Além disso, há outras condicionantes determinando a favorável situação. Entre essas condicionantes está a determinação brasileira de diversificação das exportações, a qual diminuiu a dependência do mercado norte-americano e transformou a China em nosso principal comprador. A política de distribuição de renda encontra-se entre as principais medidas que estão nos encaminhando rumo à universalização de uma renda monetária básica.<br />A própria crise e seu desenrolar estão a evidenciar certos fatos. A necessidade de estados nacionais suficientemente fortes para apoiar as atividades econômicas nos momentos adversos, mostra a falência da tese neoliberal do estado mínimo. Assim sendo, com o objetivo de fortalecer o nosso estado nacional e evitar futuros gargalos na produção, no desenvolvimento e segurança nacionais, é preciso que cheguemos a ter um governo federal com coragem e força para anular as privatizações sustentadas por ações espúrias, constituindo atos jurídicos imperfeitos.<br />A privatização da Vale do Rio Doce, empreendida pela dupla Fernando Henrique Cardoso e José Serra, é certamente uma das indevidas privatizações que debilitaram o país.<br />O bom ou mau destino da nação será decidido nas eleições de 2010. Se o setor político nacionalista e desenvolvimentista – que respeita o povo- for escolhido, elegendo nosso presidente, a nação chegará mais rápido ao decente futuro que é esperado. Caso contrário, com a vitória daqueles que não respeitam e nem acreditam no potencial do nosso povo, amargos serão os anos dos brasileiros que encontrar-se-ão nas mãos de políticos elitistas³ incapazes de manter a posse de nossas grandes e rentáveis empresas estatais e a margem de soberania nacional. Torçamos para que o bom senso e o equilíbrio predominem.<br /><br /><br />¹ Terminamos o ano de 2009 com um saldo de 995.110 empregos criados, segundo o Ministério do Trabalho. Foram 415.192 a menos que em 2008.<br /><br /><br />² No restante do mundo e em nosso país, questões fundamentais de inclusão social e sustentabilidade ambiental, não estão sendo devidamente enfrentadas. O ano de 2009 terminará com uma produção mundial em torno de 52 milhões de veículos, sendo 25% deles produzidos pela China. Basta esse dado para que se tenha um seguro indicador de que se deve buscar<br />novos paradigmas de produção e consumo. A continuidade dessa situação acarretará a ocorrência de novas crises, dada a insustentabilidade ambiental deste padrão de produção e consumo que tenta perpetuar o american way of life, ou seja, o consumo exacerbado. Sabe-se que níveis de crescimento econômico continuados, direcionados a satisfazer demandas por bens de consumo não essenciais, são incompatíveis com um processo de desenvolvimento sustentável, o que evidencia a carência de mudanças nos padrões de consumo materiais atuais.<br /><br /><br />³ A proposta do atual governo federal de institucionalização dos mais recentes êxitos das políticas sociais - (uma consolidação das leis sociais- CLS) tem por objetivo evitar que governos não ligados aos interesses do povo, quando eleitos, tragam o constrangimento da descontinuidade temporal das política públicas voltadas para as necessidades da população. Esta preocupação tem pertinência. É preciso levar em consideração que nada garante que uma lei continue a vigorar. No fundo, as leis são sempre fruto das relações de poder do momento em que são elaboradas. Se as relações mudarem, há a possibilidade de revogação dessas leis. Ressalte-se os estragos que mal intencionados e outros fizeram na CLT, tão bem elaborada. Acrescente-se que fazer uma CLS decente é uma tarefa que exige tempo e este será curto até o próximo mandato presidencial. Assinale-se, ainda, que a CLT é instrumental do direito privado e a CLS, que se deseja implementar será instrumental de direito público.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-54052022669480395372009-05-11T15:39:00.005-04:002012-01-01T13:19:37.746-03:00Aloysio Biondi, um jornalista sacerdote*Leon Bevilaqua<br />
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Muita gente já passou a celebrar a vida e a obra do jornalista econômico Aloysio Biondi, um paulista patriota que teve atuação marcante na segunda metade do século passado.<br />
Ele nasceu em Caconde, pequena cidade de São Paulo, no ano de 1936, tendo morrido no ano de 2000, na cidade de São Paulo, aos 64 anos. Destacou-se pelo seu trabalho na imprensa alternativa, com a qual colaborou durante toda a vida, principalmente no período em que foi colaborador do jornal Opinião- na década de 70.<br />
Foi autor do livro reportagem O Brasil Privatizado- um balanço do desmonte do Estado, que já vendeu mais de 125 mil exemplares e se tornou fundamental para se compreender o governo de Fernando Henrique e o empobrecimento da nação por ele provocado.<br />
Trabalhou em diversas publicações da grande imprensa brasileira, entre elas as revistas Veja e Visão, os jornais Gazeta Mercantil, jornal do Comércio, Folha de São Paulo e outros.<br />
Segundo Jânio de Freitas, como características de sua trajetória de vida, foi independente, patriota combativo, ético e capaz nas análises econômicas por ele efetuadas. Considerado por muitos um sacerdote do jornalismo, ninguém soube como ele o sentido real, os pormenores e as conseqüências das decisões econômicas e monetárias.<br />
Por ocasião da nefasta privatização empreendida por Fernando Henrique Cardoso, que se notabilizou pela submissão do governo brasileiro aos interesses de outros países, foi, como Celso Furtado, voz da reserva moral e intelectual da nação que se colocou contra aquela decisão de governo.<br />
Como tópicos importantes do seu livro O Brasil privatizado, transcrevemos os seguintes textos:<br />
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1- “ A febre da privatização e o impulso ao chamado neoliberalismo teve seu ponto de partida na Inglaterra, com a primeira ministra Margaret Thatcher. Mas mesmo a ‘dama de ferro’ fez tudo diferente do governo Fernando Henrique Cardoso: a privatização inglesa não representou a doação de empresas estatais, a preços baixos, a poucos grupos empresariais. Ao contrário: seu objetivo foi exatamente a ‘pulverização’ das ações, isto é, transformar o maior número possível de cidadãos ingleses em ‘donos’ de ações, acionistas das empresas privatizadas. Não foi só blábláblá, não. O governo inglês criou ‘prêmios’, incentivos para qualquer cidadão comprar ações: quem não as revendesse antes de certo prazo tinha o direito de ‘ ganhar’ determinadas quantias, em datas já marcadas no momento da compra (o sistema se baseava na distribuição de custumer vouchers, espécie de cupons que eram trocados por dinheiro nos prazos previstos). Ou ainda: após três anos, os acionistas que tivessem guardado as ações podiam ganhar também ‘lotes extras’ dos títulos, geralmente na proporção de 10% sobre o número de ações compradas. Isto na Inglaterra de Thatcher, nos anos 80. Na França, a mesma coisa. Na privatização parcial das empresas de telecomunicações, em 1998, nada menos de 4 milhões de franceses compraram ações, graças aos atrativos oferecidos pelo governo.”<br />
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2- “ Numa sexta-feira, cinco dias antes do leilão de ‘privatização’ da Cemig, empresa de energia de Minas Gerais, o presidente Fernando Henrique Cardoso assinou um decreto revolucionário. Por ele, o BNDES ficou ‘autorizado’ a –leia-se ‘recebeu ordens para’- conceder empréstimos também a grupos estrangeiros. Reviravolta histórica- e inconcebível. Criado para dar apoio ao desenvolvimento nacional, o banco estatal se concentrou inicialmente no financiamento a projetos de infra-estrutura e, posteriormente, como instrumento de política industrial, recebeu a incumbência de criar condições de competição para grupos nacionais. Para cumprir esse papel, o BNDES estava proibido por lei de financiar empresas estrangeiras. O decreto presidencial de 24 de maio de 1997 escancarou os cofres do BNDES às multinacionais, para que comprassem estatais. Isto ao mesmo tempo que o banco continuava proibido de conceder empréstimos exatamente às estatais brasileiras, incumbidas dos setores de infra-estrutura e básicos. Na quarta-feira seguinte, um grupo norte-americano comprou um bloco de um terço das ações da Cemig por 2 bilhões de reais, com metade deste valor financiado pelo BNDES.<br />
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3- “ Proibir um banco estatal de financiar empresas estatais, de setores vitais para o país, é uma decisão esdrúxula. Mas, no caso do BNDES, chega à beira da insanidade, porque esse banco, como o próprio nome-Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (e Social)-diz, foi criado no governo Juscelino Kubitschek exatamente com o objetivo de fornecer recursos para a execução de projetos de infra-estrutura, que exigem desembolso de bilhões e bilhões- e precisam de alguns anos para a sua execução. Mais especificamente, dentro da filosofia desenvolvimentista do governo de JK, o BNDES disporia de recursos retirados do Imposto de Renda ( e outras fontes de ‘impostos’, como o PIS-Pasep), para permitir a construção de Usinas hidroelétricas, ferrovias, rodovias, portos, sistemas de telecomunicações, enfim, toda a infra-estrutura que o processo de industrialização exigia. Um instrumento estratégico, em resumo, capaz de viabilizar a política de desenvolvimento de longo prazo, incumbido de dar apoio ás áreas escolhidas como prioritárias.<br />
É, portanto, incrível que, de uma penada, o governo tenha cancelado o próprio motivo de criação do banco, ao proibir que ele financiasse as estatais, que passaram então a depender de seus próprios lucros- ou de empréstimos internacionais-para a execução de seus projetos.”<br />
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Para nós, restam dúvidas, entre elas:<br />
-Como classificar o governo FHC?<br />
-Como ficará o governo FHC situado na história da nação brasileira?<br />
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Nota ¹ - Leituras recomendadas:<br />
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a) Para quem se interessa pela questão tributária no governo FHC, o artigo <i>injustiça tributária</i>. Este texto foi publicado no número 150 da revista Caros Amigos, de setembro de 2009 e na versão on line da mesma revista.<br />
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b) Sobre a atuação de Fernando Henrique Cardoso, como ministro da fazenda, a entrevista do delegado da polícia federal Protógenes Queiróz, nas versões impressa e on line.<br />
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c) A famosa entrevista concedida por Aloysio Biondi à mesma revista no ano de 1998 nas versões impressa e on line. O acervo deixado pelo jornalista encontra-se em poder da UNICAMP.<br />
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d) Aloysio Biondi- resistência, ética e grandeza no jornalismo, trabalho de conclusão de curso em jornalismo de Thais Sawaya Pereira na faculdade de jornalismo Casper Líbero.<br />
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PS -(21.12.2011)-<br />
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Há uma clara vinculação entre a obra de Aloysio Biondi em seu livro O Brasil privatizado e a de Amaury Ribeiro Junior, em seu livro A privataria tucana. Ambos são retratos complementares dos oito anos do governo FHC e seu neoliberalismo. Mais ainda, a obra de Amauri Junior, lançada ao público em dezembro de 2011, é uma continuidade e ampliação do trabalho pioneiro de Biondi. Amaury foi aos porões do governo FHC, quando o patrimônio do povo brasileiro migrou para as mãos privadas. Ele é um competente jornalista brasileiro, ganhador mais de uma vez do prêmio Esso de jornalismo, tendo vivido mais de dez anos de sua vida dedicados à pesquisa dos oito anos do governo de FHC e Serra. Em seu livro, só de documentos, são mais de cem páginas, que mostram claramente o que aconteceu no processo de privatização comandado pela dupla Serra e FHC. <br />
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*Economista formado pela USPUnknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-27540133493375803602009-05-11T15:37:00.000-04:002009-05-11T15:38:03.565-04:00Quem é quem?*Leon Bevilaqua<br /><br /><br /> Fernando Báez é intelectual latino- americano da atualidade, viajante e pesquisador erudito e minucioso das terras do Iraque, conhecido e reverenciado internacionalmente à direita e à esquerda do espectro ideológico. Isto, não só pela inegável competência, mas também pela sua integridade.<br /> Como resultado de um estudo de doze anos, apresentou-nos a obra História universal da destruição dos livros, publicada no Brasil pela Ediouro. Nela, nos deparamos com uma visão assustadora da devastação sistemática da cultura e dos livros, que se iniciou no mundo antigo, até a catástrofe mais recente: a destruição de um milhão de livros no Iraque como conseqüência de uma guerra absurda.<br />É de consenso, entre os mais realistas, que os Estados Unidos atacaram o Iraque não só para assegurarem seu suprimento de petróleo, como também seus privilégios monetários e cambiais naquela nação. Após a ocupação, estabeleceram que aquele país deveria ter como reserva cambial, principalmente, o dólar e não o euro e outras moedas, como pretendia e começou a fazer o governo anterior.<br />Estudiosos afirmam que a destruição dos bens culturais e da cultura no Iraque decorrem da necessidade inexorável do dominador impor sua cultura sobre a do dominado.<br />De forma irrepreensível, o autor apresenta uma lista de prejuízos culturais causados por fogo criminoso ao longo do tempo, ficando evidenciado que a maior vítima de tantos crimes é a própria humanidade, pois “onde queimam livros, acabam queimando homens”, como disse o poeta alemão Heinrich Heine.<br /> Abaixo, por serem elucidativos do assunto abordado, finalizamos transcrevendo os três tópicos seguintes do livro:<br /><br />-1-<br /><br />“ Declaração de um jovem da Universidade de Bagdá: ‘Algum dia alguém queimará a biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, e não haverá tanta perda como a que houve aqui.’ Ao se considerar a importância cultural do Iraque se deve recordar que o país contém centenas de lugares declarados Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Nessas terras Nínive, onde Assurbanipal governou; Uruk, onde foram encontradas as primeiras amostras de escrita; Assur, capital do império assírio; Hatra e Babilônia.”<br /><br />-2-<br /><br /> “ Quem são os responsáveis pela destruição cultural do Iraque?<br /> Atribuo a maior parte da culpa à atual administração dos Estados Unidos, que ignorou todas as advertências e violou a Convenção de Haia de 1954 ao não proteger os centros culturais e estimular, por meio de uma propaganda de ódio, os saques. Também incorreu em delito de crimes contra o patrimônio cultural, expostos no Protocolo de 1999. Talvez seja também por isso que o governo Bush tenha pedido imunidade para oficiais e soldados ante possíveis processos nos tribunais penais internacionais. Talvez também por isso decidiu retornar à Unesco, e enviou sua mulher para negociar cargos executivos dentro da organização, despedir os assessores mais incômodos e silenciar qualquer crítica.”<br /><br />-3-<br /><br /> “ O Iraque, pelo que descrevi e por tudo, é agora uma nação árabe ocupada pela força estrangeira mais repudiada no oriente médio, uma nação empobrecida por décadas de guerra, assolada por conflitos religiosos e atentados terroristas, em crise econômica, que sofre racionamento de alimentos, sem remédios nos hospitais, e , como se não bastasse, sua memória foi apagada, espoliada e subjugada. No Iraque se cometeu o primeiro memoricídio do século XXI.<br /> Pode-se imaginar um destino pior para a região onde começou a nossa civilização?”<br /><br /><br />*Economista formado pela USPUnknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-38773579319149166722009-04-15T09:35:00.027-04:002010-07-22T14:15:05.486-04:00CELSO FURTADO, UM BRASILEIRO EXEMPLAR* Leon Bevilaqua<br />
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-I-<br />
O nascimento e a morte<br />
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A espécie humana vive assediada por males que, em sua maioria, são provocados pelo próprio homem. Por isso é tão importante falar-se das pessoas exemplares, dos que sacrificam suas vidas em benefício de seus semelhantes. Numa época em que o neoliberalismo ainda pontifica, embora já desacreditado e chamado por muitos de neocolonialismo, acarretando males terríveis aos povos dependentes, convém lembrar o nome e a obra de Celso Monteiro Furtado. Ele foi pensador rigoroso que morreu após infarto em sua casa no Rio de Janeiro, na manhã de 20 de novembro de 2004, aos 84 anos, após haver desvendado as causas e conseqüências da secular má gestão do Brasil. Deixou viúva a jornalista e tradutora de obras literárias em espanhol, francês e itailiano, Rosa Freire D’ Aguiar, que em mais de 20 anos do final de sua vida muito o influenciou em suas atividades intelectuais.<br />
Celso Furtado,filho de magistrado e de família adepta da meritocracia, nascido na pequena cidade de Pombal, no sertão árido paraibano, em 26 de julho de 1920, era mais patriota do que nacionalista, tendo cativado leitores do mundo todo com sua prosa erudita e articulada, direcionada para fazer a melhor exposição possível da problemática econômica de sua época.<br />
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-II-<br />
O episódio da cassação<br />
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Segundo Francisco de Oliveira, sociólogo e assessor de Celso por alguns anos, a dignidade de Celso prescindia, e mais, se horrorizava com os procedimentos de auto-heroização. Ela era tão contundente frente aos padrões predominantes no Brasil que mal se pode acreditar.<br />
Ainda de acordo com Francisco, nos fecundos anos em que trabalhou sob a liderança de Celso, presenciou desde o gesto aparentemente insignificante de partilhar o mesmo quarto num hotel na Bahia, para não estimular gastos perdulários com dinheiro público, até a sua firme e decidida reprimenda ao golpista general Justino Alves Bastos.<br />
No Recife, na aparente calma da tarde de 1° de abril de 1964, aquele militar comandante do quarto exército se queixou ao próprio Furtado de que esse não havia colaborado no transcorrer da tomada do poder pelos militares.<br />
Celso respondeu sem bravatas que era um servidor público, que o exército não solicitasse sua colaboração para um golpe de estado que havia destituído o governo legitimamente eleito, o que repugnava às suas convicções republicanas; logo ele que fora oficial voluntário da FEB.<br />
Desta áspera conversa, o nome de Celso saiu para a primeira e nefasta lista de cassações de direitos políticos.<br />
Poucos cientistas sociais podem se orgulhar de terem visto suas idéias transformarem-se em força social e política; a obra de Celso Furtado passou por essa dura prova da história.<br />
Há a possibilidade, de na sua hora final, Celso ter pensado com amargura no destino da nação à qual dedicou o melhor de suas forças e de seu talento. Nós, seus discípulos, sabemos que nada foi em vão, que suas idéias continuarão a fecundar os intelectos brasileiros, possibilitando ao nosso povo conquistar seus direitos. Nosso futuro será invejado e não composto por ruínas.<br />
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-III-<br />
O prestígio e a austeridade<br />
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Era tal o seu prestígio que, mesmo após ter sido cassado pelo regime militar de 1964, estando no exílio, seus livros eram adotados pela Universidade de São Paulo nas décadas de 60 e 70 do século passado. Seu livro mais conhecido, Formação Econômica do Brasil, de 1959, editado até hoje pela Companhia Editora Nacional, tornou-se um clássico do qual ainda se recomenda como importante a leitura, tendo sido traduzido e publicado em mais de 50 países.<br />
As vicissitudes que levaram o professor Furtado a passar mais de metade da vida no estrangeiro, fizeram-no perceber e escrever a respeito da posição do Brasil no quadro internacional. Sabia que suas habilidades como caçador de votos eram limitadas e nunca chegou a levar adiante um projeto político.<br />
Ele foi o criador da SUDENE no governo JK, ministro de João Goulart- em 1963, ministro da cultura de Sarney – em 1986, titular de uma cadeira na academia brasileira de letras desde agosto de 1997, jamais tendo requisitado jatinhos para viagens particulares ou cogitado ir até a televisão para levar adiante projetos pessoais. Também nunca fez nenhum tipo de serviço para empresas, nem mesmo pareceres. Íntegro, austero, nunca se deixou seduzir por idéias da moda ou eventuais recompensas pessoais.<br />
Não há dúvida, até a atualidade, Celso é o economista mais importante do Brasil, um homem que pensou com grandeza no desenvolvimento da pátria. Foi um brasileiro marcado pela coerência, pelo compromisso com o desenvolvimento e, por conseqüência, com o bem do povo.<br />
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-IV-<br />
Palavras amargas<br />
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Mesmo quando modificou diagnósticos ou retificou suas propostas, manteve sempre fidelidade ao seu ideal, de elaborar um pensamento voltado para a ação. Acreditando que as reformas das estruturas levam com mais certeza ao aperfeiçoamento das instituições, optou por uma proposta reformista, de um desenvolvimento econômico socialmente justo. Não considerar este propósito impediria avaliação mais correta do intelectual e sua obra.<br />
Pela gentileza no trato, dificilmente falava palavras amargas, mas ao constatar a nefasta privatização empreendida por Fernando Henrique Cardoso não se conteve e proferiu as seguintes palavras:<br />
“O momento histórico era o começo do governo Fernando Henrique. Faltou imaginação política ou coragem cívica, não sei. Reconheço que ele não esteve à altura do desafio que o Brasil enfrentou. A menos que se diga que faltou a ele percepção da grandeza histórica do momento.” Em novembro de 2001.<br />
Segundo Celso, “Fernando Henrique Cardoso quebrou o Estado e endividou o país até as orelhas.”<br />
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-V-<br />
Sem máculas<br />
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Como se vê, Celso não foi um economista com as máculas de muitos dos economistas da atualidade, ou seja, não foi fascinado pela economia de mercado, nem teve carreira puramente financeira. Ele sempre acreditou que nosso povo será capaz de fazer de nosso país uma nação digna e civilizada. Sabia da importância do brasileiro, tanto que foi o primeiro economista a dizer que sem cultura não há identidade.<br />
Muitos acreditam que as idéias de Celso, a partir de sua morte, terão repercussão ainda maior do que em sua honesta e densa vida. Nós o perdemos, mas é preciso que guardemos seus ideais.<br />
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-VI-<br />
“O Longo amanhecer” –um filme biografia<br />
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José Mariane, cineasta brasileiro de talento realizou o documentário “O longo amanhecer”, traçando perfil aprofundado do economista paraibano.<br />
O filme contou com rico material de arquivo, reconstituindo a época de atuação de Furtado.<br />
A espinha dorsal deste documentário está numa longa entrevista feita com Furtado em 2004, cinco meses antes de sua morte.<br />
Apesar da voz vacilante, Furtado mostra-se perfeitamente lúcido, discorrendo sobre seus temas da vida inteira, principalmente a necessidade do Brasil superar as desigualdades sociais em sua rota de desenvolvimento.<br />
A avaliação da obra de Furtado é feita através de entrevistas com intelectuais como Francisco de Oliveira, João Manoel Cardoso de Mello, Antônio Barros de Castro e outros.<br />
As participações mais apaixonadas vêm da economista Maria da Conceição Tavares, que enfatiza a importância do legado do mestre, a quem chama carinhosamente de “velho”.<br />
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-VII-<br />
Uma metáfora<br />
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Finalizando, para aqueles que ainda se iludem com as belas e falsas palavras do neoliberalismo, queremos transcrever aqui uma impressionante metáfora que mestre Celso Furtado nos deixou, por ser ainda válida:<br />
“As grandes empresas, com suas técnicas avançadas e maciças concentrações de capital, têm o mesmo efeito nas economias subdesenvolvidas que aquelas enormes e exóticas árvores que sugam toda a água e secam uma área inteira...” Por conseguinte, conclui Furtado, “na América Latina o desenvolvimento não pode ser o simples resultado de forças atuantes do mercado. Só uma política consciente e deliberada do governo pode realmente levar ao desenvolvimento.”<br />
Diante desta e muitas outras razões, torna-se evidente que os estados latino-americanos e africanos não podem ser mínimos, como receitam os neoliberais, a não ser que se tenha por objetivo para eles a subordinação e a miséria.<br />
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Notas:<br />
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¹ Celso furtado, em sua patriótica luta contra a Alca, afirmou que ela ameaçava até mesmo a integridade territorial do Brasil. Os tucanos lutaram muito para que nós fôssemos integrantes da Alca. FHC- em 2001 no Canadá, em reunião preparatória para o estabelecimento da Alca, assegurou aos representantes dos demais países das Américas que nós dela, em breve, passaríamos a ser membro. Esta aberração contra os interesses nacionais só não se concretizou graças ao firme trabalho de Lula, a partir do seu mandato presidencial iniciado em 2003.<br />
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² Sabe-se que uma das características fundamentais de um clássico é a possibilidade de infinitas e renovadas leituras. "Formação Econômica do Brasil", vinda a público em janeiro de 1959, 50 anos depois de sua publicação- em 2009- já havia se tornado clássica. Neste ano, ganhou sua primeira edição comemorativa, organizada pela viúva de Celso Furtado, Rosa Freire D'Aguiar Furtado. A introdução dessa edição foi feita por felipe de Alencastro, velho amigo de Celso Furtado. Esta edição comemorativa, em seu conjunto, reune, além do texto de Celso Furtado, a fortuna crítica que se seguiu ao aparecimento da obra que é um dos mais importantes livros de história econômica já escritos. Esta edição foi editada pela Companhia das Letras. <br />
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³ <br />
a) Em 27/03/2009, foi inaugurada a Escola Municipal Celso Monteiro Furtado - no bairro João Paulo Segundo, em João Pessoa, Paraíba.<br />
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b) Em 25/09/2009, No Edifício do BNDS, no centro da cidade do Rio de Janeiro, foi inaugurada a biblioteca Celso Furtado. Ela é digitalizada, tendo aproximadamente 7500 títulos de livros, uma videoteca com entrevistas de Celso Furtado e filmagens dos cursos e seminários realizados pelo Centro Internacional Celso Furtado. Todas as 3 bibliotecas pessoais de Celso Furtado foram transferidas para a biblioteca do prédio do BNDS.<br />
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c) O navio petroleiro Celso Furtado foi lançado ao mar em 24 de junho de 2010, sendo a primeira encomenda da Petrobrás ao estaleiro fluminense Mauá, situado em Niterói, próximo à ponte do Rio Niterói. Ele é o casco de número 199 do Estaleiro. Segundo afirmação do presidente Lula, em maio de 2010 - por ocasião do batismo do petroleiro João Cândido, em Recife, ele mesmo escolheu o nome Celso Furtado para o navio de transportes da Petrobrás. Segundo alguns, é um tanto atípico um presidente da República escolher nomes para navios.<br />
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d) As recentes homenagens prestadas a Celso Furtado, refletem a revalorização do seu pensamento após a derrocada do pensamento neoliberal evidenciada nas fases da crise econômica manifestadas após 2008. <br />
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e) Em 1997, a Editora Paz e Terra publicou, em três volumes, a autobiografia de Celso Furtado. Esta obra possibilita conhecer o perfil de grandes políticos contemporâneos de Celso Furtado, entre eles Juscelino Kubstchek e o Tucano Fernando Henrique Cardoso.<br />
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*Economista formado pela USPUnknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-63603883045318820522008-09-05T11:40:00.001-04:002008-09-05T11:40:38.245-04:00CHUVAS INESQUECÍVEIS<div align="center"><br /> Agenor Bevilaqua</div><div align="justify"><br /><br /> 1936 era o quarto ano de minha morada na Santa Teresinha velha. Durante esse período eu não vira tanta chuva no lugar. No começo de abril desabou na região uma chuvarada enorme, dia e noite, obrigando a todos os moradores a ficarem em suas casas, impossibilitados de buscarem para as mesmas quaisquer coisas de que necessitassem.<br /> Assim é que não pude mandar buscar em Granja a querosene que já não tínhamos para as nossas lamparinas e o farol. Valemo-nos das poucas velas de que dispúnhamos, logo consumidas. No primeiro domingo do mês estávamos no escuro. Não tínhamos onde acender uma fogueira que nos desse calor e uma claridade que muito nos serviriam.<br /> Fechada a bodega, há quatro dias sem fregueses, concentramo-nos na cozinha, com o fogão aceso, fogo alimentado por lenha seca que tínhamos sob um telheiro ligado a casa.<br /> Na Jurema, meus avós Joaquim e Inocência, minha mãe e os filhos Edward, Falb, Rawlinson, Antonio Carlos, Raimundo Ivan e o caçulinha Antônio (por nós chamado de neném), Justina e Luzia, criadas por minha mãe, o rapazinho Chicute criado por meus avós, queimavam naquele domingo o restinho de querosene que tinham e vovô colocou um pavio de algodão em azeite de mamona com isso escapando de enorme escuridão só atingida pelos relâmpagos abertos de vez em quando lá por cima.<br /> Disso tive conhecimento quando, por fim, cessaram chuvas e um sol auspicioso tornou possível a chegada à minha casa, de meu avô e meus irmãos Edward e Falb. Aí, mandei à Granja meu padrinho Raimundo Cândido para trazer 4 latas de 20 litros, cada, do famoso querosene Jacaré usado naquele tempo.<br /> Recordo a nossa reunião forçada lá na cozinha na noite de domingo para segunda, sentados em tábuas apoiadas em tamboretes. Estavam Raimundo Fernandes, morador de meu tio no Riacho de Dentro, tendo ao lado a Chica da Rosa, namorada dele, filha de minha cozinheira, Rosa Gorda, José Cândido, rapazola ajudante de meu avô no trato de animais da propriedade, Osmundo, garoto filho de um morador do vovô no sobradinho, Chico Gato, um parente de minha mãe que chegara todo molhado e a quem dei uma muda de roupa e alguns mais de cujos nomes não me lembro.<br /> Rosa Gorda nos serviu um jantar de arroz com feijão (Baião de dois) a pedaços de Jerimum cozido temperados com sal e pimenta do reino, e logo depois, café adoçado com rapadura.<br /> Eu, dono da casa, de 15 anos de idade, completados em 17 de setembro de 1935, sentia naquela noite o primeiro grande impacto existencial que me fez ter consciência do quanto estava despreparado para enfrentar a vida.<br /> Trovões assustadores sucediam aos relâmpagos, interrompendo a nossa variada conversação e nos assustando. A gente tinha a sensação de que o céu ia desabar por cima de nós. Alguém falou que devíamos fazer uma prece a São Damião.<br /> Situei-me, o possível, próximo ao fogão. Às vezes incomodado pela fumaça. Esforço-me para lembrar-me do teor das nossas conversas.<br /> Eu ouvia muito e falava pouco. A noite rolava até que pelo sono, quase ao amanhecer, fomos parar nas redes armadas pela nossa prestimosa servente, a Rosa Gorda.<br /> José Cândido ia mantendo acesa a lenha no fogão. Pouco falou, aliás, tinha esse costume por habitual. Ligado que era a meu avô, imitava-o, tomando-o por modelo, dizia meu irmão Edward que ele, até no aboio com o gado, fazia tal como vovô. Osmundo tinha uns 13 ou 14 anos. Naquela noite ele falou que a sua idade era aproximadamente a de meu irmão Falb. Chico Gato, filho de Joaquim Balbino, primo de minha mãe, solteiro, andava paquerando a viúva de Felinto De Sousa, morador da Taquara, nosso vizinho. As chuvas prenderam-no na casa da pretendida, tendo vindo a minha bodega adquirir querosene, que estava nos faltando.<br /> Rosa Gorda, minha cozinheira, cinquentona, trabalhadora rural, mãe solteira, estava a meu serviço havia algum tempo. Sua filha Chica, moça de um bom físico, estava acasalada com Raimundo Fernandes, sendo de meu conhecimento, por informações que me chegaram, ser ela uma mulher de grande apetite sexual. Raimundo Fernandes era morador de meu tio Chico Sousa na fazenda deste no Riacho de dentro. Sua presença em minha casa decorria de sua ligação com a Chica, pessoa faladora, muito desembaraçada em suas conversas, usava palavrão e vivia completamente despreocupada com a opinião dos outros sobre isso.<br /> Lembro-me que as conversas foram abertas pela Chica, enquanto tomávamos o café adoçado com rapadura trazido pela Rosa.<br /> - Esse chuveiro não quer mais acabar. Será que estamos tendo um outro dilúvio? Osmundo falou que a pinguela do sobradinho foi levada pelo rio. Agora, para se ir ou vir da Jurema tem que ser a nado. Por isso é que meu padrinho Joaquim e os outros filhos da madrinha Auta não vieram ver o irmão aqui. Devem estar preocupados com o Agenor. Osmundo falou:<br /> - Meu pai disse que o pessoal que fez a ponte de carnaúba no sobradinho fez um serviço muito porco. A água tinha mesmo que levar aquela coisa que a Chica chama pinguela. Não é possível que esse chuveiro não pare. Acho que está na hora de São Pedro dar uma ordem para fechar a torneira do céu.<br /> Eu ia ouvindo os comentários e meus pensamentos estavam nas dificuldades que minha mãe devia estar enfrentando na Jurema. Neném, com cinco anos, não andava muito bem de saúde. Sabia, no entanto, que o garoto tinha plenos cuidados da mãe e que a Justina a ajudava em tudo ao seu alcance.<br /> Chico Gato falou:<br /> - As coisas estão mal reguladas. Um chuveiro como esse não tem cabimento. Uma seca como tivemos no ano passado não tem porque acontecer. Tem tanta gente passando fome enquanto outros estão se empanturrando de comida. O padre, no sermão em São Miguel no ano passado, disse que temos de nos conformar com a vontade de Deus. Segundo ele o sofrimento leva à purificação das almas. Tudo conversa fiada. Invenção do pessoal das Igrejas. O padre é bem tratado pelo Zecadete e o Tomas Gomes quando está no São Miguel. Come do bom e do melhor, se purifica com galinha criada a milho, bebe bom vinho e tem sobremesa de doces a escolher, dos caseiros e dos que vêm enlatados. Depois, no sermão, fala em pecado. Só não oferece um bom jeito da gente viver sem pecar. Não quer que fumemos ou tomemos uma cachacinha pra esquentar os bofes, não quer que a gente dance, não quer que as putas entrem na igreja pra não profanar o recinto sagrado. Enfim, deixa a gente sem nada. Tenho pena desse pobre homem de batina preta a quem ensinaram um monte de besteiras, deixando-o com a ilusão de que é o dono da verdade e que por aí é que vai salvar as pessoas do fogo eterno.<br /> Nunca imaginei que aquele homem tido por muita gente como um maluco perigoso fosse capaz de argumentar tudo que eu ia ouvindo naquela noite de muita chuva, relâmpagos e trovoadas. Num relance de luz em seu rosto dado por um dos relâmpagos, temi estar vendo uma manifestação de um demônio anti-cristão.<br /> A máquina faladora de Chico Gato estava disparada. Ninguém o interrompeu e ele continuou. – Não me meto na vida dos outros. Falo por mim. Gosto de tudo que o padre chama de pecado. Bebo minhas caipirinhas, fumo meus cigarros e em casa vou de cachimbo, quero estar numa boa com a mulher que eu gosto e que gosta de mim, me misturando com ela de todos os jeitos que Deus inventou para isso. E assim por diante. Não vou falar mais pra não que xingar os inventores de pecados.<br /> José Cândido perguntou:<br /> - Chico Gato, tu n]ao tem medo de um castigo de Deus por causa dessas tuas opiniões contra a religião e os padres? De onde fostes tirar essas idéias?<br /> Por sua vez este respondeu:<br /> - Zé, tu sabe que eu sou quase analfabeto. Não leio livros nem jornais e minhas conversas com gente letrada nunca aconteceram. O que ocorre é que eu tenho cabeça para pensar. Prego também tem cabeça, mas não pensa. Há muita gente igual a prego, vai aceitando as marteladas que lhe dão, aceitando-as com satisfação. Que fale o bodegueiro caladão, meu parente, e diga se eu estou certo ou errado.<br /> Respondi:<br /> - Hoje só estou muito bem para ouvir. Falem todos a vontade que eu ouvirei com satisfação. O que importa é que falem o que entendem ser verdade.<br /> Lá pela meia noite, Rosa Gorda nos trouxe batatas doces assadas na brasa. Enquanto comíamos, ouvíamos o tamborilar da chuva no telhado e dávamos mais atenção aos trovões e aos fantásticos relâmpagos.<br /> Foi então que Chico Gato, dirigindo-se a Rosa Gorda, assim falou: Rosa, quero ouvir a tua opinião sobre o que aqui tenho dito. Sei que tens muita experiência de vida e falas sempre a verdade. Fala!<br /> Rosa, de pé, olhando a todos nós como o professor faz na sala de aula dirigindo-se aos alunos:<br /> - Todos vocês sabem que eu, desde os quinze anos de idade, tenho agora 53, dormi com homens em redes, no chão, de qualquer jeito, sempre fazendo o que Deus deixou ser possível entre um homem e uma mulher. Morreram quatro dos meus filhos e só vingou a Chica que aqui está e vocês conhecem. Chamaram-me de puta e ainda assim sou chamada, de mulher da vida, sem vergonha e tudo mais que encontram para me esculhambar. Nunca trai homem algum porque sempre disse a todos que o que é meu é meu e eu dou pra quem eu bem quiser. Não é da conta de ninguém o que eu faço. Pobre e roceira, trabalhei sempre pra me sustentar. Bem ou mal, o que alguns homens me deram, deram porque quiseram. Eu nada pedi, afinal, se usaram o que era meu, foi porque eu quis. É claro que todos eles foram por mim usados. Essa coisa tão cobiçada pelos homens é a mesma coisa que todas as mulheres cobiçam. Sou analfabeta, não sei falar bonito, mas só digo o que sinto. Só me sinto bem falando a verdade, e a verdade é que sempre gostei de homem e meu fogo ainda não se apagou. Só que agora vou ficando com um só, o que eu amo e que me ama. Vocês sabem disso. Passem a ripa em mulheres que desejem e sejam por elas aceitos. Nem vocês nem elas têm qualquer pecado por isso. Podem crer no que eu estou dizendo. O padre que faça bom uso de suas mãozinhas delicadas pensando “não é nela, mas é mesmo que ser nela”. Tá bem?<br /> Chico Gato deliciou-se com a inflamada fala de Rosa Gorda e disse:<br /> Rosa é uma mulher que merece o respeito de todos. Ela só falou a verdade.<br /> Aquela noite tinha mexido muito com a minha cabeça. Mesmo incitado pelos presentes limitei-me a dizer:<br /> - Foi muito bom ouvir vocês. Vou pensar em tudo que disseram e aguardar oportunidade para falar com vocês.<br /> José Cândido, o caladão falou:<br /> - Muito bem! A Rosa acabou de me falar que tem um docinho de mamão para todos nós.<br /> De fato, veio um excelente doce de mamão com pedacinhos de coco, temperado de cravo da índia.<br /> Eram cinco da manhã e a chuva começou a passar. De mãos dadas a Chica e o Raimundo Fernandes foram os primeiros a deixar o recinto.<br /> Mais não falo porque até aqui é o que me lembro.<br /> As redes nos esperavam e nelas ficamos até a hora do almoço que nos foi servido pela incansável Rosa a 1 da tarde.<br /> Ao se ir, Chico Gato perguntou-me: - Tu vais traçando a Rosa e a filha?<br /> Respondi:<br /> Não! A Rosa tem sido pra mim uma espécie de mãe e a filha não me atrai!<br /> Chico, sempre brincalhão disse-me: “Mentiroso”!<br /><br /> <br /> <br /> </div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-67292385632442642652008-09-05T11:37:00.000-04:002009-12-01T16:41:23.313-03:00AS VINHAS DA IRA, UM LIVRO IMPRESCINDÍVEL<div align="justify"><br /><br />Leon Bevilaqua<br /><br /><br /><br />Em 1939, os bibliotecários da St. Louis Public library fizeram um ato de repúdio ao livro As Vinhas da Ira, que acabara de ser lançado, queimando-o numa fogueira pública. O livro era de autoria de John Steinbeck, brilhante escritor norte-americano que nascera na Califórnia no ano de 1902 e morreria bem depois em Nova York – no ano de 1968. Essa fogueira serviu para que os oradores advertissem o restante dos escritores norte –americanos de que eles não tolerariam linguagem por eles classificada de obscena, nem doutrinas que não estivessem bem sancionadas pelo pensamento pró –capitalista.<br />Parece que não adiantou muito esta manifestação de intransigência. O livro, no nosso terceiro milênio, continua a ser bastante lido, sendo um documento literário importante de como viveu a população norte-americana na década de 1930. Há um consenso em nossos dias, na obra só há uma obscenidade: o sofrimento e abandono a que esteve sujeito largo contingente populacional daquele país no período focalizado.<br />Na década de 30, foram inúmeras as desventuras a que estiveram sujeitos os trabalhadores norte americanos urbanos e rurais. Existiam programas federais específicos para feri-lo. Assim, nesta década, o Agricultural Adjustment Act liberou a produção de algodão e reduziu a necessidade de contratação de braços, o que foi bom para o proprietário e um desastre para o homem que perdia seu emprego. Em seu cerne, a política de Washington era orientada em favor do fazendeiro próspero e tinha o perverso efeito de excluir do negócio os pequenos produtores.<br />No fim da década de 20, os Estados Unidos mergulharam na “grande depressão”. As ações viraram nada e a economia do país foi à bancarrota. As populações urbanas e rurais entraram na mais absoluta miséria, sem trabalho ou qualquer outra perspectiva. Multidões de origem rural e urbana andavam a esmo à procura de pão, fazendo se destacarem entidades religiosas como o exército da salvação (oficialmente fundado em 1878), que distribuía uma sopa rala nas frias noites de Nova Iorque e outras localidades. Ao relento, o povo se esquentava em fogos improvisados colocados em latões de lixo pelas ruas. Era a visão do inferno.<br />A miséria que se instalou na então nação mais rica e próspera do planeta perduraria até o início da Segunda Guerra Mundial, quando a economia voltou a se recuperar graças em parte ao esforço bélico para enfrentar o nazismo que fora comandado pelo presidente Roosevelt, o que criou um mercado de armas que se transformou num dos principais produtos de exportação norte- americanos.<br /><br />Em linhas gerais, na obra é traçado um importante painel sócio-econômico dos EUA, após a derrocada em 1929. Para delinear esse painel, Steinbeck conta a saga da família Joad em direção à Califórnia, trilhando a famosa estrada 66, principal rota da população em êxodo do leste para o oeste americano.<br />No livro, Steinbeck assim de refere àquela estrada:<br /><br />“A estrada 66 é a rota principal das populações em êxodo. Estrada 66-a longa faixa de concreto que corta as terras, ondulando suavemente, para cima e para baixo, no mapa, do Mississipi a Bakersfield-atravessa as terras vermelhas e as pardas, galgando as elevações, cruzando as montanhas rochosas e penetrando no amplo e terrificante deserto,e , cruzando o deserto, torna a entrar nas regiões montanhosas até alcançar os férteis vales da Califórnia.<br />A 66 é o caminho de um povo em fuga, a estrada dos refugiados das terras da poeira e do pavor, do trovejar dos tratores que sangram o chão, da invasão lenta do deserto pelas bandas do norte, dos ventos ululantes que vêm em rajadas do Texas, das inundações que não trazem benefícios às terras e ainda acabam com o pouco de bom que nelas restava.<br />De tudo isso, os homens fugiam, e encontravam-se na estrada 66, vindos dos caminhos tributários, dos caminhos esburacados e lamacentos que cortavam todo o interior. A 66 é estrada-mãe, a estrada do êxodo.”<br /><br />Ao empreender a leitura desse livro, encontramos um autor que acima de tudo amou a humanidade e seus valores mais altruístas, um homem que, nesse livro, criou alguns dos personagens mais generosos da literatura americana, entre eles a mãe, Tom e Casy.<br />Para quem quer conhecer a vida norte-americana no século XX, bem como certos efeitos da mecanização trazidos pelos tratores ao campo dos EUA, esse é um livro imprescindível e de leitura prazerosa.<br /><br />Notas:</div><div align="justify"></div><div align="justify">1)A Fox (Empresa cinematográfica norte-americana) fez um filme em preto e branco baseado no livro as vinhas da ira. Este filme, embora não tenha incorporado a maioria das grandes qualidades do livro, foi vencedor de dois oscars em 1940, apresentando características bastante interessantes: estética e dinâmica dos tempos do cinema mudo, embora seja sonorizado. Os protagonistas do filme foram Henry Fonda, Jane Darwell e John Carracine. O roteiro foi de Nunnally Johnson, tendo sido dirigido por John Ford e produzido por Darryl F. Zanuck. </div><div align="justify"></div><div align="justify">2)Alguns falam da analogia entre os trabalhadores sem terra brasileiros e os retirantes cuja história o livro, As Vinhas da Ira, conta. Há certa pertinência na comparação das misérias vividas por brasileiros da atualidade e os pobres norte americanos da década de 30. Ambos os tipos de pobres foram discriminados.</div><div align="justify"></div><div align="justify">3)A route 66 foi sendo gradualmente substituída nos anos 70 e 80 do século passado pelas chamadas Interstate highway, as quais são estradas modernas.</div><div align="justify"></div><div align="justify">4)O velho traçado da route 66 ainda existe em vários pontos, sendo preservado como monumento nacional. Tal traçado pode ser ainda percorrido por veículos. No entanto, ele já não figura nos mapas de estradas de ligação entre estados desde 1985.</div><div align="justify"></div><div align="justify">5)Interessante notar que muitos críticos literários encontram semelhanças entre a epopéia de Joade e o exôdo bíblico. É certo que as semelhanças existem, pelo menos no que tange ao objetivo final, a terra prometida.</div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-60390979806057596252008-09-05T11:31:00.000-04:002008-09-05T11:33:23.843-04:00A INDEPENDÊNCIA<div align="justify"> <br /> Heidy Saori<br /><br /><span style="font-family:verdana;">Sabe-se que o processo que resultou na emancipação política do Brasil em relação ao reino português é denominado Independência do Brasil, datada de 7 de setembro de 1822 quando ocorreu o episódio do chamado "Grito do Ipiranga". Segundo a história oficial, às margens do riacho Ipiranga (atual cidade de São Paulo), o Príncipe Regente D. Pedro I , bradou perante a sua comitiva: "Independência ou Morte!".<br />Entretanto, cabe aqui uma análise menos ingênua de um processo que foi, na verdade, um “arranjo político”. Tal independência não representou uma ruptura com o passado colonial. A nossa autonomia não foi fundamentada por uma base econômica sólida, uma vez que deixamos de ser dominados por portugueses e caímos nas graças dos ingleses.<br />O primeiro país a reconhecer a nossa independência foram os Estados Unidos, em 1824. Portugal só a reconheceu em 1825 mediante o pagamento de 2 milhões de libras esterlinas e o título de imperador honorário do Brasil para D. João VI. É fato que o Brasil não possuía tamanha quantia que lhe foi emprestada pela Inglaterra. Esta, em troca do reconhecimento da autonomia brasileira, obteve a renovação dos Tratados Comerciais de 1810 ( estabelecia a taxa de 15% para a importação de mercadorias inglesas) e a promessa de extinção do tráfico de escravos negros para o Brasil.<br />D. Pedro I foi Imperador durante o período conhecido por Primeiro Reinado. Sua abdicação ao trono ocorreu em 1831, quando retornou a Portugal. Os motivos foram vários: estava cada vez mais impopular uma vez que havia dissolvido a Assembléia Nacional Constituinte e outorgado a Constituição de 1824. Além disso, enfrentava desgastes com a Guerra da Cisplatina, uma vez que não conseguiu manter a Província da Cisplatina(Uruguai), anexada em 1817 no governo joanino, ao Brasil. A brigas entre portugueses e brasileiros eram muitas, culminando na famosa noite das garrafadas em que brasileiros revoltosos atacaram com pedras e garrafas uma festa destinada ao governante. Foi, na verdade, uma disputa entre os aliados do partido português - favoráveis ao imperador - e os liberais do partido brasileiro - opositores ao mesmo. Esse episódio teve importância primordial na crise política que resultaria na abdicação de D. Pedro I em 7 de abril.<br />D. Pedro deixou como herdeiro seu filho D. Pedro de Alcântara que contava com 5 anos. Dessa forma, o Brasil adentrou no Período Regencial, já que isso era o que a Constituição previa. D. Pedro I faleceu em 1834 e o jovem D.Pedro de Alcântara, com ajuda do partido Progressista, teve sua emancipação concedida e subiu ao trono em 1840, com apenas 14,5 anos. Iniciava-se o Segundo Reinado.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4138674861300867206.post-25967224437393911212008-09-05T10:57:00.000-04:002008-09-05T10:59:24.830-04:00EDITORIALO ano de 2008 é marcado por uma série de acontecimentos de suma relevância, tais quais como a comemoração dos 100 anos da imigração japonesa, centenário do grande Machado de Assis, Olimpíadas em Pequim e assuntos geopolíticos como conflito entre Geórgia e Russa. E é neste ano de tantos acontecimentos e datas fechadas que lançamos o “Letras do Mato Grosso do Sul”, jornal de mesma linhagem que o já conhecido “Jornadas Culturais”.<br /><br />Foi em 18 de junho de 1908, que chegou ao porto de Santos o Kasato Maru, navio que trouxe 165 famílias de japoneses. A grande parte destes imigrantes era formada por camponeses de regiões pobres do norte e sul do Japão, que vieram trabalhar nas prósperas fazendas de café do oeste do estado de São Paulo.<br />Jornalista, cronista, contista, romancista, poeta e teatrólogo, Joaquim Maria de Machado de Assis nasceu em 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro, cidade onde também faleceu, em 29 de setembro de 1908. Filho de um operário e uma dona de casa, perdeu a mãe muito cedo e, como não teve condições de realizar estudos regulares, foi um autodidata. É o fundador da cadeira nº 23 da Academia Brasileira de Letras (ABL), tendo sido seu primeiro presidente, cargo que ocupou por mais de dez anos.<br /> A crise na região do Cáucaso começou quando a Geórgia decidiu impor a força na região separatista da Ossétia do sul e a Rússia contra-atacou invadindo o território georgiano.<br /> O Letras do Mato Grosso do Sul é inaugurado no dia 5 de setembro durante a estada de Agenor Bevilaqua na cidade de Campo Grande, capital do estado.<br /> Convido a todos que desejarem a se sentirem à vontade para escrever seus próprios textos críticos sobre os mais variados assuntos, os quais poderão ser incluídos nos próximos números.Unknownnoreply@blogger.com0